Ao ganhar do Chile por 3 a 0 na noite desta terça-feira (10), a Seleção Brasileira terminou de arrumar as suas malas para participar da Copa do Mundo da Rússia no ano que vem. O passaporte ela já tinha carimbado há algum tempo. Termina aqui, rapidamente, esse preâmbulo esportivo neste site, que trata de política. É que está aí a única coisa certa que se sabe sobre 2018: mais uma vez, como única Seleção presente em todas as Copas, o Brasil estará na Rússia. Todo o resto – especialmente todo o resto que se refere a política e às eleições do ano que vem – é matéria somente para as videntes de plantão. O quadro é de total incerteza.
Uma leitura mais superficial das pesquisas hoje mostraria a manutenção do quadro de Fla x Flu político. Lula lidera as pesquisas com folga. Mas tem também taxa alta de rejeição. Ou seja: a maioria dos entrevistados tem preferência por ele. Mas quem não tem não quer saber de Lula de jeito nenhum. O que leva a que sobressaia hoje nas pesquisas um extremo oposto de Lula: Jair Bolsonaro. Mas até onde de fato Bolsonaro se sustenta daqui até as eleições?
Primeiro, ele é de um partido pequeno, o PSC. E ensaia mudar para outro partido pequeno, o PEN, que vai mudar o nome para Patriota. Como já dissemos por aqui, a adoção da cláusula de desempenho inibe um bocado as aventuras políticas de partidos pequenos. Bolsonaro vai com quanto de recursos do Fundo Partidário? Vai com quanto tempo de TV? Sem dinheiro e sem tempo de TV, a campanha decola?
Além disso, começa a surgir em muitos meios uma preocupação quanto a essa polarização. Se Lula puder ser candidato – se não houver contra ele até as eleições algum impeditivo judicial relacionado às investigações e processos contra ele – será instado a fazer uma campanha toda na base do “nós contra eles”. Não há espaço para um novo “Lulinha Paz e Amor”. Será na linha dos comerciais que o PT já vem veiculando, falando na existência de um sentimento de “ódio” contra alguém que promoveu justiça social e reduziu a pobreza. Haverá um tom revanchista. Que terá Bolsonaro como contraponto radical do outro. Algo, portanto, que tende a, mais do que manter, acirrar o clima de disputa política, deixando alta a temperatura da crise.
Quem poderia surgir como alternativa para fugir dessa polarização? O quadro da disputa está longe de deixar isso claro. Os nomes que surgem pela esquerda e centro-esquerda podem aglutinar apoios à direita para se viabilizarem? Marina Silva ou Ciro Gomes?
E, pela direita e centro-esquerda? Como vai terminar a disputa interna no PSDB? Hoje, os tucanos engalfinham-se. E disso também já se tratou por aqui. Os grupos ligados ao prefeito e ao governador de São Paulo, João Dória e Geraldo Alckmin, trocam insultos que têm feito com que nenhum dos dois apareça realmente forte na pesquisa. Há uma chance de Dória mudar de partido, tornando os dois candidatos e provocando uma divisão de votos. E grupos de outros estados já começam a se desagradar dessa disputa paulista. A reação do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, colocando-se como possível opção também na disputa presidencial tucana mostra isso. E como vai ficar o grupo ligado ao senador Aécio Neves? Prevalece quem quer rifar Aécio ou quem quer protegê-lo?
Como vão se posicionar outros partidos com alguma importância? DEM, PSB, PPS? E o PMDB do presidente Michel Temer?
Há uma série de questões em aberto para 2018. De certo, portanto, somente a presença do time de Tite e Neymar nos gramados da Rússia…