Censura na rede: tiraram o bode da sala

Presidente Michel Temer.

Pronto! Tiraram o bode da sala. O caprino foi escolhido a dedo, pois, além de catinguento, era repulsivo de pelagem, feio como o demônio, magro como lobisomem. Com tão horrível bode expiatório, calam-se todos. Cobras e lagartos que ficaram por ali já não incomodam mais.

O dispositivo anti-incômodo nas redes sociais veio com a reforma eleitoral concebido em minúcias para atrair como um ímã a todas as críticas, desde as mais pesadas. Mal apareceu, chamou a si o fogo pesado das entidades que reúnem donos de jornais, revistas, rádios tevês e as aguerridas associações e sindicatos de empregados do ramo, até os ingênuos blogueiros. A lei com seu conteúdo de censura à livre circulação de opiniões parecia um bicho-papão da liberdade de imprensa.

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Entretanto, revelou-se um monstrengo capenga e sem dentes, inútil para impedir mentiras e calúnias pelas internet.

Foi como alertou o jornalista Fernando Gabeira, revelando que já há informações de grupos brasileiros não identificados operando robôs sediados no exterior, com suas garras voltadas para o Brasil. Não há como detê-los. Esses duendes cibernéticos vão assombrar candidatos no Brasil, como acontece no Exterior.

Nem mesmo a candidata democrata norte-americana Hilary Clinton conseguiu impedir a ação desses piratas virtuais. Até hoje o FBI está correndo atrás dos “russos”. Imagine-se aqui…

Por outro lado, o afrouxamento do uso de recursos próprios por candidatos ricos abre uma pequena fresta para entrar um pouco de ar (sonante) nas campanhas, principalmente para os legislativos.

Um candidato a deputado bem colocado, com recall, apoio de sindicatos, igrejas, regiões etc. pode fazer dobradinha com outro endinheirado sem muita base e, assim, um turbina a campanha do outro.

De sobra, os candidatos majoritários da mesma linha política ainda podem ganhar alguma rebarba, pois não se proibiu que os aspirantes a deputados, estaduais ou federais, colem suas campanhas nos majoritários de sua coligação, tanto presidente como governador e senadores. Um leva o outro. É o que os marqueteiros chamam de sinergia.

São estes os dois destaques da nova lei que o presidente da República vetou. Um entra outro sai. Ninguém explica porque se botou a já denominada “censura” como jabuti nessa. A versão do autor é demasiadamente simplista, tão facilmente desvencilhou-se da paternidade. Já a liberação de gastos de recursos próprios veio bem a propósito.

Na outra, diga-se: cada um gasta o que é seu como quiser.

Em resumo: vai ser dada a largada. Os maratonistas que se alinhem no partidor. É uma corrida de fundo com um trecho de alta velocidade no final. Haja fôlego.


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