Campanhas sem dinheiro nem TV serão um desafio à classe política

Aldo Rebelo, ex-ministro, ex-deputado e jornalista. Foto: Orlando Brito

A tese defendida pelo ex-deputado Aldo Rebelo em sua entrevista nas páginas amarelas da revista Veja expõe a perspectiva mais importante do quadro sucessório do ano que vem: dificilmente os nomes consagrados que estão aí irão às urnas, abrindo espaço para novas candidaturas. Neste sentido, Rebelo confirma à revista da amplificação nacional o que já declarara a Os Divergentes.

O que ele diz é que as fórmulas tradicionais serão pulverizadas na crise política que continua crescendo, levando consigo os chamados grandes nomes do pleito de 2014. Aécio, Marina, Lula e tantos outros, como os governadores, seriam tragados pelo descontrole da opinião pública: sem copiosos recursos financeiros, com a televisão reduzida a 10 minutos para partilhar entre uma enxurrada de candidatos, será quase impossível bater-se nessa luta com as armas que predominaram nas eleições majoritárias desde os primeiros vagidos da redemocratização, em 1982.

Ali valia o marketing e a televisão. Uma imagem, uma mensagem e belos programas. Ao contrário do que se falam, os chamados programas eleitorais tinha muita audiência, em parte porque nas casas dos pobres a televisão nunca desligava, como também porque havia boas produções. Nada disso se repetirá em 2018.

As campanhas políticas em todos os níveis se farão com imagens captadas em celular e difundidas em redes sociais. A tevê, o rádio e os grandes e custosos eventos serão coisa do passado. Então surge espaço para as novas candidaturas que, neste momento, estão fora do recall. Isto quer dizer: para candidatos de novo formato, diferentes dos magos encantadores de multidões.

Fica no ar, em qualquer cenário, a pergunta de que será de Lula. O ex-presidente é um nome forte em qualquer situação, mesmo porque ele já está realizando a campanha nos novos moldes, percorrendo o País por terra e fazendo um corpo-a-corpo com o eleitorado. Lula não dorme de toca. Venha como vier ele estará preparado. Entretanto, ele não concorrerá sozinho. Especulamos aqui nesta matéria sobre um inevitável segundo turno, com outros nomes.

No primeiro turno haverá um grande número de candidatos. Excluindo Lula, que preenche os requisitos do cenário da campanha sem dinheiro e sem tevê, haverá espaço para os partidos médios, como o PSB de Aldo Rebelo. É o que ele diz com todas as letras e deve bastar para bom entendedor: a hegemonia dos três grandes, PT, PSDB e PMDB deve derreter-se. Caso Lula seja impedido, por motivos pessoais ou judiciários, aí então tudo muda.

Melhor não citar candidaturas, mas algumas delas estão aí: Doria, Bolsonaro, Marina, todos já operando dentro do novo modelo. Sendo assim, outras opções podem aparecer, pois falta nesse cardápio um nome forte à esquerda. Aí estaria o espaço para Rebelo, figura tradicional do esquerdismo brasileiro. Também haverá espaço para um petista, possivelmente Haddad; outro de perfil adequado seria Ciro Gomes. Só com esses aí já não passa de um minuto o tempo de cada um no horário eleitoral, pois os nanicos de sempre estarão presentes.

A legislação eleitoral foi votada. Falta ser sancionada. Então começa a carreira de obstáculos.

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