Tudo que foi dado como conhecido e observável na condução da política econômica pelos ministros da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, indica um cenário de 2022 desafiador. Ou seja: Banco Central não conseguirá trazer a inflação para dentro da meta, as taxas de juros podem subir além dos 12,25% ao ano, o descontrole fiscal pode piorar com ano típico de gastança eleitoral, já que além dos inéditos R$ 4,9 bilhões do Tesouro Nacional destinadas aos partidos, haverá ainda os recursos provados do caixa 2. Será uma gastança de grande magnitude para reeleger governadores, deputados, senadores e presidente da República. Alguns economistas acreditam que isso serve de contraponto para a política monetária restritiva do BC. Na realidade, só aumenta a dívida pública e piora as condições de rolagem dos papéis do Tesouro Nacional.
Acertar para onde vai o câmbio, por outro lado, índice que tem grande impacto na formação dos mais importantes preços da economia do Brasil, é uma loteria. Neste momento, um movimento de ingresso da moeda no País para aproveitar o aumento das nossas taxas de juros, o preço barato de ações ou as duas coisas juntas. O comportamento do câmbio depende de fatores externos, como aumento das taxas de juros dos Estados Unidos e o desdobramento da crise mundial devido a ameaça da Rússia invadir a Ucrânia.
O BC fracassou em manter a inflação na meta em 2021 e já há muitos analistas do mercado acreditando que Roberto Campos Neto já esta rabiscando o papel com as explicações ao Senado Federal sobre as causas que levarão a inflação ficar acima dos 5,4% em 2022. Terá muito pouco a fazer neste ano diante da melancólica da política econômica do ministro Paulo Guedes. O pior é que o inevitável aumento das taxas de juros previsto para os próximos meses para segurar a inflação galopante que anda em dois dígitos poderá provocar um esfriamento ainda maior na economia e um aumento desenfreado no custo de rolagem da dívida pública.
É verdade que o fracasso da política monetária do BC, conduzida pelo por Campos Neto, que não precisa mais submeter sua decisão ao presidente da República, deve-se a fatos que fogem a seu controle. São eles: o aumento do endividamento público e o choque dos preços de tarifas administradas. Os instrumentos de política monetária que estão nas mãos de Campos Neto têm baixa eficácia para trazer estes preços para baixo, sem falar na inércia inflacionária que começa a deixar as barbas de molho de muitos economistas do BC. A cotação do petróleo continua em alta e as tarifas de energia só voltam a cair com o aumento dos reservatórios, o que parece que está ocorrendo com as fortes chuvas no sudeste.