ANDREI MEIRELES

Diante de uma inédita e documentada avalanche de denúncias de corrupção, Lula se apega a uma narrativa política para reduzir os danos. A meta é ganhar tempo para evitar cadeia e a Lei da Ficha Limpa.

Ministros de Temer, líderes políticos e criminalistas incentivam tese contra julgamento de habeas corpus para Palocci pelo plenário do Supremo. A intenção é enfraquecer a investigação sob o comando de Sérgio Moro.

A decisão sobre José Dirceu foi entendida como a senha para a soltura de Palocci por Gilmar, Toffoli e Lewandowski. A aposta de petistas e aliados era de que o "italiano", solto, recuaria na delação premiada. Fachin pôs água no chopp.

Decisão do STF gera alívio e esperança entre os acusados de corrupção e causa preocupação entre os investigadores. A dúvida é se ela é pontual, um ajuste legal, ou o começo do fim da Lava Jato.

Receio de que apoio do governo alavanque candidatura de Márcio França à presidência do partido é pano de fundo para punição a deputados e a senadores que votarem a favor das reformas trabalhista e da Previdência.

Lula, CUT e todas as correntes de esquerda que, nos anos 70 e 80 do século passado, ressuscitaram o movimento sindical, eram contra o imposto sindical. Nessa madrugada, perderam a oportunidade de ajudar a acabar com essa nada democrática cobrança obrigatória. Falou mais alto a necessidade de financiar as máquinas sindicais.

Primeiro, eles inventaram a "criminalização da política" para manter a impunidade de sempre. Lutam, também, para aprovar lei para "criminalizar a Justiça". E, agora, querem "politizar a Justiça".

Nas páginas oficiais dos partidos nem parece que eles foram alvos do tsunami causado pelas delações da Odebrecht e da OAS. O site da Rede é o único a apoiar a Lava jato.

Lula nem teve tempo de respirar depois de ser atingido em cheio pelo tsunami da Odebrecht. Antes de chegar à tona, ele tomou nova pancada no depoimento de Léo Pinheiro a Moro. E ainda tem Palocci com suas ameaças de bombásticas revelações.