Catarse é uma palavra de origem grega com alguns significados. Um deles diz que é a libertação de alguém que consegue superar algum trauma como medo, opressão… Às vezes são manifestações coletivas. Parece o caso da Câmara dos Deputados, depois que o bedel Eduardo Cunha, um rigoroso disciplinador, deixou a função.
Para quem olha de fora, e também para quem acompanha de perto, o que se vê é uma espécie de estouro da boiada. Ninguém é de ninguém. Até o ex-presidente Lula, sem entender direito o que está acontecendo, avaliou que continuava a dar ordens no PT e recebeu um chega para lá da bancada petista, puxado pelo ex-governador Tarso Genro.
Tales Faria escreveu aqui a saia justa do PT e PC do B. A única certeza é que o PT e quase todos os outros partidos vão votar divididos. O PSB, por exemplo, rachou entre os deputados Heráclito Fortes e Júlio Delgado. Júlio, mesmo tendo votado a favor do impeachment, sempre esteve mais próximo da base parlamentar de Dilma Rousseff. Heráclito foi o anfitrião de almoços e jantares que pavimentaram o afastamento de Dilma. Ele se achava um candidato in pectoris de Michel Temer.
Heráclito sai do páreo com uma ponta de mágoa com o governo, em especial com o líder André Moura e o ministro Geddel Vieira Lima. Identificou dedos deles na decisão do PSB de não apoiá-lo. Em conversas reservadas, Heráclito atribui a articulação para tirá-lo da disputa a sua capacidade de conseguir votos do PT ao Centrão, o que poderia atrapalhar o jogo mal disfarçado do Palácio do Planalto.
É uma sequela. Outras poderão advir. Afinal, ninguém sabe quantos candidatos estarão nas cédulas na quarta-feira (13). E o que cada um deles espera do governo Temer, de seus partidos, de aliados, históricos e não, de adversários tradicionais ou de agora… Sobra uma grande interrogação.