Candidatura Erundina deixa PT e PCdoB em saia justa

Luiza Erundina na concorrida entrevista, ao lado de Chico Alencar e Ivan Valente. Foto Orlando Brito

Já não ia bem a coisa dentro do PT e do PCdoB, com a opção inicial de parte das duas bancadas por apoiar a candidatura do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para presidente da Câmara, sob o argumento de que seria o adversário mais forte contra um nome apoiado pelo ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e pelo Palácio do Planalto.

Conforme relatou Andrei Meireles aqui em Os Divergentes, o ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-presidente do PT, Tarso Genro, chegou a postar nas redes sociais uma carta aberta em que denunciou a estratégia como “uma opção de sombra escura”, não republicana, e que era “preferível ter poucos votos com uma chapa republicana, a declarar apoio a Rodrigo Maia e seus companheiros de ideais”.

Mas hoje, para piorar a situação a deputada Luiza Erundina (PSol-SP) foi lançada pelo seu partido como uma opção das esquerdas à Presidência da Câmara.

“Esperamos que os outros partidos de esquerda apoiem a Erundina, um nome respeitável e com densidade. E que não se aventurem em alianças com nomes do governo que, em maior ou menor escala, são ligados ao Eduardo Cunha”, declarou o deputado Glauber Braga (PSol-RJ), numa alusão direta ao PT e ao PCdoB.

Erundina é de um pequeno partido, com apenas seis deputados. Isolada, não tem qualquer chance. Só terá condições de tentar chegar ao segundo turno se tiver o apoio maciço da base de apoio da ex-presidente Dilma Rousseff, que obteve 127 votos contra a abertura de processo de impeachment.

Mas tudo indica que ela não terá esse apoio.

“Gosto muito da Erundina, tenho muito respeito e gostaria muito de votar nela. Mas não vamos entrar nessa eleição apenas para marcar posição. Precisamos de um nome capaz de chegar ao segundo turno. Alguém como o Marcelo Castro (PMDB-PI), que votou contra o impeachment, ou mesmo o Julio Delgado (PSB-MG), que votou a favor mas fez oposição cerrada ao Cunha”, explica a líder da Minoria na Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Julio ainda é uma candidatura incerta. Disputa dentro de seu partido com um dos favoritos do governo, Heráclito Fortes (PI). Marcelo Castro de fato deve manter sua candidatura, mas não tem lá essa penetração toda na Câmara, onde é visto apenas como um ex-ministro de Dilma. Muito provavelmente, seu grande apoio será o PT e o PCdoB.

E os dois partidos vão transformando a eleição em mais uma saia justa de sua história recente.

 

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