Nesse novo e bombástico escândalo, Michel Temer parece ter dançado política, ética e legalmente. De nada vale a única rede que o protegia da Lava Jato, a interpretação vigente de que um presidente da República só pode ser processado por fatos ocorridos durante seu mandato.
Temer foi grampeado dando aval à compra do silêncio de Eduardo Cunha em março, no Palácio do Jaburu, em pleno exercício da Presidência da República. Pode, portanto, responder a processo de impeachment no Congresso e/ou ser investigado pela Justiça.
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Em nota divulgada pelo Palácio Planalto, Michel Temer confirmou a reunião com o empresário Joesley Batista, mas negou o conteúdo do diálogo divulgado. Mas, se as gravações confirmarem o aval dele ao cala boca de Cunha, a questão legal vira o menor de seus problemas.
Todos sabem que chantagem é uma das especialidades de Eduardo Cunha. Mas quem se dispôs a pagá-la, como os donos grupo JBS, cometeu crime. Quem deu aval, caso atribuído a Temer, também. Isso é o suficiente para apeá-lo do poder.
Nesse quadro, o que entra em pauta é a fórmula. Os aliados de Temer barraram ano passado a emenda constitucional apresentada por Miro Teixeira que estabelecia, a qualquer tempo, a eleição direta para a escolha do presidente da República em caso de vacância do cargo.
Pela Constituição, a escolha é indireta, pelo Congresso Nacional. Uma opção muito ruim, mas, por enquanto, a única alternativa legal. Um atalho seria esperar uma decisão do TSE. Isso parece longe.
O clima em Brasília é de urgência. O que o establishment político já está avaliando é como administrar a queda de Temer e, nesses tempos de Lava Jato, quem escolher, com um mínimo de credibilidade, para conduzir o barco até 2018.
A conferir.
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