Aécio não nega nem confirma ter recebido mala de dinheiro

Aécio Neves.

Quando a bomba estourou, Aécio Neves, atordoado, deixou o plenário do Senado. Foi para o gabinete preparar uma nota de defesa contra a denúncia de que, em março, pediu — e recebeu — do empresário Joesley Batista R$ 2 milhões em malas de dinheiro vivo. A grana seria para pagar seus advogados na Lava Jato, mas, rastreadas pela Polícia Federal, foram parar em outras mãos.

De acordo com O Globo, o diálogo entre Aécio e Joesley sobre as malas de dinheiro é escancarado.

— Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança — propõe Joesley.

— Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer a delação — respondeu Aécio, antes de informar que um primo dele, de total confiança, receberia a grana.

Pois bem. Horas depois de sair apressado do plenário, a assessoria divulgou uma nota de Aécio Neves. Era previsível que, tendo sido gravado, ele fosse cauteloso. Mas Aécio simplesmente nada disse sobre ter recebido ou não os tais R$ 2 milhões. Para variar, se disse “absolutamente tranquilo”. E emendou: “No que se refere à relação com o senhor Joesley Batista, ela era estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público”.

O que ele quis dizer com isso? Teria pedido um empréstimo ou doação como pessoa física? Será que um senador, ex-governador, presidente do PSDB e presidenciável, enrolado na Lava Jato, pode pedir grana ao dono de uma das maiores empresas do país, com uma penca de investigações sobre pagamento de propina em troca de benesses estatais?

Ele disse ainda que, quando tiver acesso ao conjunto das informações, dará novos esclarecimentos. A conferir. Porque a nota à imprensa que divulgou na noite dessa quinta-feira não foi nem de longe uma defesa plausível.


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