O fato dos dois tucanos com pretensões à Presidência, João Dória e Geraldo Alckmin, aparecerem empatados nas intenções de voto nos cenários testados na última pesquisa do Datafolha certamente não ajuda o PSDB a resolver a imensa quantidade de dilemas que enfrenta. Já faz tempo que, como já dissemos por aqui, o PSDB não sabe se casa ou se compra uma bicicleta.
Não consegue ter clareza sobre que posicionamentos deve ter para obter maior ou menor dividendo eleitoral. Não tem certeza sobre o que deve fazer com o governo Michel Temer. Não conclui qual é a melhor forma de lidar com Aécio Neves… Enfim, o PSDB está todo “divididinho”, como diria aquele célebre personagem de Claudia Raia numa antiga novela da TV Globo…
Na pesquisa Datafolha, o prefeito e o governador de São Paulo dividem preferências de voto mais ou menos com os mesmos percentuais. Mesmo quando em um cenário o Datafolha coloca os dois juntos na disputa, eles aparecem empatados. Ou seja: a situação projetada pelo Datafolha não ajuda nem um pouco a definir com quem seria melhor o PSDB seguir. Nem qual estratégia ou discurso pegaria melhor para o partido no momento. E daí seguem os demais dilemas. O tucanato vai deixando exposto à sociedade todas as angústias que leva para seu divã.
No Congresso, os dilemas se refletem nos casos do deputado Bonifácio Andrada (PSDB-MG), relator da segunda ação contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça, e de Aécio Neves. As notícias da tarde desta quarta (4) dizem que Bonifácio, pressionado pelo PSDB, deve pedir licença da sua filiação para permanecer relator. É uma pressão um tanto quanto contraditória. O PSDB faz parte do governo, tem alguns dos seus mais importantes ministros. Por que não ter, então, um de seus representantes como relator na segunda ação contra o presidente? Tem constrangimento em defender o comandante de um governo do qual faz parte?
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Aécio é outro ponto do dilema. Enquanto parte do partido o defende no plenário do Senado, como aconteceu na sessão da terça-feira, outra parte, segundo a Folha de S. Paulo, diz que fará movimentos nos próximos dias para que ele deixe definitivamente a presidência do partido.
É curiosa a situação do PSDB. Segundo o discurso dos seus adversários, o partido é bem mais preservado nas investigações da Lava-Jato que o PT ou o PMDB. Mas nenhum outro partido parece mais internamente atingido pelo efeito dessas denúncias que o PSDB. Parece uma daquelas balas que ao entrar no corpo faz só um pequeno furinho. Mas que, uma vez lá dentro, rompe sem piedade órgãos e tecidos…