O instinto animal do empresariado está funcionando. A trancos e barrancos, o setor privado da economia vai pouco a pouco depositando cifras positivas na cesta de números ameaçadores que povoam as páginas de jornais e os discursos da oposição, no Congresso Nacional. Com um fim de mês pela frente e a folha de pagamento na sua marcha inexorável, os empreendedores têm de botar os sapatos e sair à rua buscando negócios e recursos para cumprir seus compromissos.
Aqui vale a imagem criada pelo ex-ministro Delfim Neto, a expressão “instinto animal”, que não é apenas uma metáfora.
Isto é o que demonstra uma tabela organizada pela consultoria Animaleg, comandada pelo cientista político João Henrique Hummel e o engenheiro Fernando Câmara. Mesmo segmentos improváveis, como as empresas estatais, que têm o tacão da crise nos pescoços, deram sinais de melhoria. Do ano passado para este 2017 saíram de um prejuízo operacional de R$ 32 bilhões para um resultado de R$ 4,6 bilhões, o que já é muito dentro da atual conjuntura.
A locomotiva da economia industrial, a produção de veículos, deu um salto espetacular, levando consigo os demais setores do setor secundário da economia. A produção de veículos, que mergulhava em queda livre com 24,3% negativos, deu uma arremetida digna da Esquadrilha da Fumaça, subindo 25,5%. Com isto alavancou a indústria que mudou de desesperadores 9,8% negativos para 0,8% positivos. Com isto a taxa de desemprego crescente também perdeu força e já reverte sua trajetória, embora mais apoiada no pequeno comércio e nos serviços. Porém, a indústria é multiplicador.
O trabalho dos consultores destaca, também, a melhora da imagem internacional do Brasil, que baixou de uma taxa de risco de 544 bp para 259 bp, uma melhora de 54,4%, grandemente influenciado pelo crescimento das importações e exportações, o que revela uma melhoria no ambiente de negócios e na produção como um todo.
Os resultados mais relevantes, contudo, embora não sejam desconhecidos, merecem ser repetidos: taxa básica de juros cai de estratosféricos 14,2% para 8,25%, mantendo a tendência de queda, e a inflação vem de 9,28% ao ano para civilizados 2,46%.
Entretanto, não soltem fogos: a dívida pública chegou aos 3,3 trilhões de reais e se mantém em alta. Brevemente o governo não terá mais condições de se financiar. Aí então veremos como ficam as resistências às reformas substantivas. Quem paga a conta? O ministro do Planejamento já está ameaçando de atraso na folha de salários da previdência.
Aí vem!