Com a desistência de Luciano Huck de concorrer à presidência da República o Brasil perde a oportunidade de uma vez mais igualar-se aos Estados Unidos, que inscreveram em sua História o nome de um presidente vindo do mundo artístico, o pitoresco, porém exitoso político Ronald Reagan.
Nosso país que tanto segue os modelos e modismos políticos dos irmãos do norte perde esta oportunidade com o forfait do astro global paulista.
Chamar um artista para salvador da pátria não é tão incomum quanto parece. Há outros na História, principalmente depois que se estabeleceu a chamada democracia de massa, ou seja, governos e chefes de estado eleitos pelo voto popular.
Além do norte-americano, recentemente a antiga Tchecoslováquia, em 1989, quando se desgarrou do bloco soviético, chamou um artista consagrado para assumir a presidência da República, o escritor (e muitas coisas mais, além de poeta, teatrólogo etc.) Václav Havel. Entretanto ele não se saiu muito bem, pois no fim de seu mandato seu país cindiu-se, formando as atuais República Tcheca e a Eslováquia. Mas foi um salvador da pátria.
Outros dois que fundaram países que emergiam do caos colonialista foram Leopold Senghor, do Senegal, e Agostinho Neto, de Angola, ambos poetas consagrados, com obra literária relevante e reconhecimento acadêmico antes de botarem a faixa presidencial.
Isto sem falar de nosso Dom Pedro I. Um de seus mentores, o músico austríaco Sigismund Von Neukomm, reconhecido na Europa como compositor e maestro, amigo de Chopin, Mendelson, Cherubini e Walter Scott, dizia que o príncipe herdeiro tinha grande futuro como músico e compositor, mas nem tanto como estadista.
Entretanto, o menestrel (bom de violão e cravo) Dom Pedro foi chamado para fazer a independência, garantir a unidade nacional, e criar o quarto maior país do mundo em extensão territorial. Não é pouco. Deixou muitas músicas, mas o Hino da Independência, que foi hino nacional, é elogiado pelos músicos até hoje por suas virtudes como obra de arte. Dom Pedro é mais que salvador, na verdade é o pai da Pátria.
Nos tempos pré-republicanos não havia muitos deles, pois os estados eram comandados por nobreza de sangue. Esse aristocratas compravam artistas, em vez de estudar. Entretanto não se pode esquecer-se do imperador romano Nero, que se dizia um harpista erradamente jogado na política. Seu efeito foi contrário, pois em vez de salvar a Pátria tocou fogo em Roma.
Em tempos mais recentes há outros dois que se diziam artistas, Adolf Hitler, pintor, e Winston Churchill, escritor. É duvidoso atribuir suas carreiras politica seus dotes artísticos ou popularidade nas galerias e livrarias. Entretanto, os dois acabaram se pegando a tabefes numa guerra como nunca antes na história deste planeta se vira. Seria a sina dos artistas políticos?
Aqui no Brasil antes dista tentativa com Luciano Huck, a sério só se viu a candidatura de Silvio Santos, também muito rico, empresário e apresentador de auditório..
Como a candidatura do astro global (Silvio também fora glorificado pela Globo), abortou antes de se firmar ou ir às urnas.
Como analisa Helena Chagas, sem Huck sobe o capitão Bolsonaro, sisudo, trágico, intolerante e ameaçador, bem um contrário do simpático, divertido e humano Huck. Perdemos a chance de despertarmos a inveja do mundo com um presidente gente-boa.
Nada mais a fazer: bola para frente. Picolé de chuchu é o mais ativo para encarar o turbilhão Lula da Silva.