O Brasil tem uma tradição política com forte componente de desrespeito à vontade popular. A esmagadora maioria de seus políticos e partidos não tem muito apreço pela democracia.
O golpe de Vargas em 1930; o suicídio de Vargas e o movimento para impedir a posse de JK na década de 50; o golpe militar de 1964; os impeachments dos presidentes Collor, na década de 90, e Dilma, em 2016; são exemplos eloquentes.
Agora, a CCJ do Senado decidiu apostar na instabilidade ao aprovar o “recall”. No Brasil, um presidente é eleito em dois turnos e com mais de 50% dos votos. Mesmo assim, devido a sua legislação eleitoral, ele governa em minoria e à custa de composições.
Senadores querem que uma minoria de 10% de eleitores possa pedir a revogação de um mandato presidencial. Pobre do Brasil e dos brasileiros. A intenção pode ser boa e aparentemente “moderna”, mas vai levar a política nacional para o inferno. Pois as coisas sempre podem piorar.
Presidentes terão de comprar deputados e senadores para se manter no poder. Os derrotados terão uma espada permanente contra o pescoço dos vitoriosos. Será um saque permanente.
Diante de uma crise econômica, um governo vai ter que enfrentar seus efeitos, corrigir seus próprios erros e lutar para não ser deposto. Ele não poderá concentrar seus esforços, terá que dividir suas forças em dois campos de batalha.
Os políticos querem fazer bonitinho à custa da sobrevivência.