Nós, do coletivo ‘Judias e Judeus Sionistas de Esquerda’ (JJSE), denunciamos o evidente antissemitismo de Roger Waters. Em verdade, este comportamento racista do músico é somente mais uma de suas muitas ações antissemitas ao longo dos últimos anos.
Em sua turnê atual, Waters banaliza o Holocausto, instrumentalizando o nome de Anne Frank, ao igualar de maneira ignorante seu assassinato à da jornalista palestina Shireen Abu Akleh, morta pelo exército de Israel. Isto é um erro em termos de História e conceito, que não somente desinforma o público, mas gera também ódio aos judeus, ao criar um paralelo entre o Estado de Israel e Terceiro Reich. Não há paralelo.
Waters também já colocou uma Estrela de Davi em um porco (símbolo este que ele já utilizava desde a época original do The Wall), fazendo assim ofensivas referências não somente a Israel, mas aos judeus como um todo. A estrela de David é um símbolo judaico!
Há alguns dias, Waters deixou evidente a sua postura conspiracionista contra os judeus, ao mandar um recado a Christian Wakeford, membro do parlamento inglês pelo Partido Trabalhista, que pediu o cancelamento das apresentações de Waters. Bravejando publicamente em um de seus shows (e denunciado pela jornalista Tanya Gold ao portal UnHeard): “Você está inventando merda porque foi instruído por seus mestres no Ministério das Relações Exteriores em Tel Aviv. Porque esse ódio, ódio, esse ódio, está sendo organizado a partir de Israel.”
Em suma, Roger Waters é o exemplo vergonhoso do antissemita de Esquerda, que se utiliza do véu do Antissionismo para destilar seu Antissemitismo. Nisso, nunca deixaremos de repudiá-lo e combatê-lo.
Dito isso, há mais três pontos importantes a serem colocados, para corrigir a desinformação que vem sendo transmitida na internet e mesmo na imprensa brasileira:
1. Waters demonstra ser antissemita, mas não é nazista. Sua vestimenta que emula a de soldados da SS é parte de uma encenação em seu show, que é justamente crítica ao nazismo. O problema aí, como dissemos acima, é distorcer a realidade e igualar nazismo ao que não é nazismo.
2. Nós do coletivo JJSE somos completamente contra a censura e não defendemos o cancelamento dos shows de Waters, mas, sim, ações punitivas específicas a qualquer ato antissemita que este carregue. Combatemos nele o antissemitismo!
3. Quando Waters combate o Fascismo e o Nazismo contemporâneos, e toda forma de opressão e disrupção dos Direitos Humanos, estamos ao seu lado. Ele (e qualquer um) pode livremente criticar as opressões do governo de Israel e defender a criação de um Estado Palestino que conviva ao lado de Israel (ambos soberanamente). Esta é exatamente a pauta central de nosso coletivo. Mas, se ultrapassar os limites da crítica justa e adentrar a esfera do racismo, merece repúdio!
Resumindo, não toleramos nem toleraremos qualquer ato antissemita e qualquer ato contra os Direitos Humanos como um todo.
Por fim, um recado aos bolsonaristas, que hoje pedem o cancelamento de Waters: Nós fazemos questão de enfatizar que mesmo neste episódio do cantor não estamos no mesmo fronte que vocês. Vocês abraçaram/abraçam o nazismo bolsonarista e não têm a menor condição de fazer a análise e a crítica que fizemos a Waters nesta presente nota.
Assim, concluímos este texto na esperança de que o leitor compreenda que a comunidade judaica é plural e não monolítica, e esta opinião aqui expressa representa somente os ‘Judias e Judeus Sionistas de Esquerda’ e quem mais se sentir representado.
Assinam os coordenadores:
Jean Goldenbaum
Mauro Nadvorny
Michel Gherman
Milton Blay
Nelson Nisenbaum
Pietro Nardella Dellova
Tânia Baibich