Aparecida apareceu. É o que parece. Nunca a festa da santa padroeira teve tamanha movimentação. Foi basicamente uma grande festa de celebração da mulher segundo a visão dos cristãos. O novo cardeal, Dom Orlando Brandes, enfatizou a santa negra. Entretanto, como todos os demais, incluindo os artistas, falando de mãe. Aí está a questão.
A fé diante das câmeras, os romeiros enfrentando chuvas e ventos uivantes nas estradas, os rostos dos romeiros. Com isto a Igreja Católica marca sua entrada no cenário. Até então somente os evangélicos enfrentavam o politicamente correto. Não estão mais sós.
O discurso do senador capixaba Magno Malta conclamando a cristandade à união contra a dissolução dos costumes, na sua visão, exposto na mostra do Queermuseu em Porto Alegre parece que não foi em vão. A santa morena trouxe os católicos para o ringue.
O padre Fábio de Melo diz no grande show musical que “Nossa Senhora não é nossa, dos católicos. Ela é a mãe do povo”. Com isto ele estaria perdoando aqueles que chutaram e estilhaçaram a imagem da santa?
O padre clamou pela unidade. Pouco antes, o autor do hino da Santa, Renato Teixeira, dizia que Aparecida une o Brasil. Falou em nome dos cristãos (não só dos católicos) E o padre bateu forte. Isto terá consequência.
É inevitável que as religiões se articulem. É inerente ao cristianismo certo puritanismo. Vai bater de frente com as causas que ocupam a maior parte do espaço dos debates políticos no País. Estes 300 anos da padroeira do Brasil não devem passar em branco. Até porque o padre disse com todas as letras que a Mãe de Deus é negra.