São muitas as interpretações para os resultados das eleições. A mais comum delas é a de que o antipetismo prevaleceu. Mesmo diante do fato de o candidato do PT ter ido para o segundo turno nas eleições presidenciais e ter feito 29% dos votos no primeiro turno. O fato de Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (REDE) terem feito menos de 5% parece não ter importância alguma em determinadas análises.
Acredito que esta eleição foi marcada por um embate entre a antipolítica e a política tradicional. Foi baseado na rejeição à política tradicional que venceu o primeiro turno das eleições presidenciais. Este candidato incorporou o protesto da população e capitalizou para si votos brancos, nulos e abstenções que previa que cresceriam. Tentar explicar a eleição como a reação a determinado partido pode resolver pendências ou desejos pessoais, mas não explica a realidade.
Como explicar nesta perspectiva as prováveis derrotas de Antonio Anastasia (PSDB) e de Eduardo Paes (DEM) para os governos de Minas Gerais e do Rio de Janeiro? Quem eram na política nacional há sete dias o senhor Zema (MG), do Novo, e o senhor Witzel (RJ), do PSL? A derrota vai muito além das paixões. As bancadas da Câmara são indício disso.
A maior bancada eleita foi a do PT, 56, a segunda foi a do partido de Bolsonaro, o PSL, 52. Agora vejamos os partidos que, de forma mais branda ou radical, assumiram a bandeira do antipetismo. O PSDB e o DEM elegeram 29 deputados cada. Vamos aos demais: PP, 37; MDB, 34; PSD, 34; PR, 33; e, PRB, 30.
Mas não há nada mais concreto para demonstrar que a grande derrotada foi a política tradicional do que analisar e listar os nomes dos derrotados. Vamos aos ex-governadores de estado que perderam nas eleições para o Senado:
RAIMUNDO COLOMBO – PSD/SC; BETO RICHA – PSDB/PR; ROBERTO REQUIÃO – MDB/PR; MARCONI PERILLO – PSDB/GO; CRISTOVAM BUARQUE – PPS/DF;
ZECA DO PT – PT/MS; JACKSON BARRETO – MDB/SE; EDISON LOBÃO – MDB/MA; GARIBALDI ALVES – MDB/RN; CÁSSIO CUNHA LIMA – PSDB/PB; e, ANTÔNIO CARLOS VALADARES – PSB/SE.
Devemos citar entre os rejeitados pelos eleitores uma ex-presidente da República, Dilma Rousseff (PT/MG). Ex-prefeitos de capitais: César Maia (DEM/RJ) e José Fogaça (MDB/RS). E não podemos esquecer atual presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB/CE). Nem verdadeiras grifes, como Eduardo Suplicy (PT/SP), se safaram da tormenta que começou a varrer a política tradicional. Como se pode ver pelas informações acima, o PT também perdeu. Ninguém que pratica a política tradicional se safou da ira dos eleitores.
Esta é minha contribuição para este caloroso debate.