Desde os primórdios do governo do marechal Castello Branco até os tempos da abertura política, no período do general Ernesto Geisel e, depois, João Figueiredo, na Presidência da República, a CNBB era das mais importantes frentes de defesa da redemocratização do Brasil. Os principais nomes a empunhar essa bandeira eram os cardeais Avelar Brandão – irmão do então senador Teotônio Villela – e os gaúchos Ivo e Aloísio, que eram primos.
É verdade que, mesmo não sendo à época da diretoria da CNBB, havia outras destacadas vozes da Igreja preocupadas com o destino político do Brasil. Por exemplo, Dom Luciano Mendes de Almeida, arcebispo de Mariana, e Dom Hélder Câmara, de Olinda. Também Dom Paulo Evaristo Arns, de São Paulo, e Dom Antônio Pelé, de Cratéus. E ainda, Dom Pedro Casaldaliga, de São Félix do Araguaia, e Dom Tomás Balduino, de Goiás, além de outros. Mas eram os três, enfim, os mais levados em conta, os mais ouvidos, as estrelas. Além dos cardeais, alguns padres também pediam respeito à democracia. Formavam o que na época o pessoal da “linha-dura” dos quartéis chamava de “grupo dos liberais vermelhos”.
Consta da história que, na verdade, a Igreja inicialmente apoiou o Golpe de 1964. Mas logo depois, com o endurecimento do regime, passou a denunciar as constantes violações dos direitos humanos e da liberdade.
Falando especificamente sobre essa imagem aí: eu trabalhava no jornal O Globo, do Rio, e cobria os assuntos do poder, a Presidência da República e o Congresso Nacional. Nesse dia, tive que sair do Planalto e chegar a tempo de fotografar os três cardeais, ainda na entrevista que davam na sede Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. O assunto era grave: convocaram os jornalistas para dizer do repúdio à morte do operário Manuel Fiel Filho em uma cela do DOI-CODI, em São Paulo, em janeiro de 1976.