Brasil caminha para déficit de apenas 1% do PIB nas contas externas

Economista Fernando Ribeiro. Foto: Blog IPEA

Os fundamentos das três âncoras de estabilização da economia ainda precisam melhorar muito para o país voltar a crescer com geração de empregos e distribuição de renda.

Pelo menos uma destas âncoras, a das contas externas, que dá sustentação à política cambial, está passando por esta crise econômica quase sem grandes prejuízos. Já as âncoras fiscal e monetária estão avariadas por decisões equivocadas de gastos superiores às receitas e juros elevadíssimos.

O Brasil conseguiu fazer um forte ajuste nas suas contas externas com redução de seu deficit em transações que envolvem os resultados da balança comercial, balança de serviços e juros do último ano.

O economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) Fernando José Ribeiro acredita que o deficit, que foi equivalente a 4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, deve fechar o ano em 1% do PIB, abaixo da média histórica de 1,8% .

Fernando José Ribeiro constatou ainda uma recuperação da entrada de capital no país, principalmente em função do crescimento dos investimentos estrangeiros diretos (IED), garantindo um quadro confortável para o financiamento do deficit em transações correntes.

Entre agosto e outubro último, o investimento direito foi de US$ 7 bilhões ao mês, cerca de US$ 2 bilhões acima da média que prevaleceu entre janeiro e julho.

Ribeiro também constata nos últimos meses uma redução do superavit comercial, por perda de fôlego das exportações que iniciaram o ano crescendo bem, mas que retornaram para o patamar de US$ 15 bilhões nos meses seguintes. Entre fevereiro e maio o quantum total exportado cresceu de maneira acelerada, acumulando alta de 9,2% na série dessazonalizada.

“Entretanto, o cenário alterou-se nos meses seguintes. Entre junho e outubro a série dessazonalizada do quantum total de exportações acumulou queda de 21,5%, o que representou um retorno ao patamar que prevalecia no final de 2014. Os números de novembro representaram um alento, com as exportações voltando ao patamar de US$ 16 bilhões, mas é cedo para afirmar que esteja em curso uma nova recuperação do dinamismo exportador”, diz Ribeiro em seu estudo.

Mesmo com este comportamento, é esperado pelo Banco Central um choque nos preços das commodities em 2017, que pode contribuir com mais receitas de exportação ao Brasil. Independente disso, com as reservas internacionais do pais na ordem de US$ 376 bilhões, dá para dizer que o Banco Central não tem com que se preocupar com a eficácia de sua âncora cambial.

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