Oposição à nova previdência cresce. O desfecho vai depender das ruas

Presidente, Michel Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles

A batalha pela aprovação da reforma da previdência ganha ritmo acelerado e deve disputar com a Operação Lava-Jato a atenção do País pelos próximos meses. Neste momento, o que se vê são os estrategistas tomando posições, armando-se para a batalha.

Do lado do governo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, general das hostes do comandante Michel Temer, persiste em sua trincheira. Nem recua, nem acena para o inimigo.

Do outro lado, a oposição vai ganhando adeptos no exército adversário. Aos poucos, soldados temeristas vão desertando, bandeando-se para o lado mais confortável, que é o de não aceitar a reforma impopular.

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Mais realista, um dos homens do front da guerra pela nova previdência, o deputado Arthur Maia, relator da PEC 287, reconhece que não será possível vencer a contenda sem baixas. Terá que entregar parte de suas peças se quiser conquistar terreno inimigo.

Maia lista, por exemplo, a regra de transição do atual sistema previdenciário para o novo. “Eu sei que a reforma não vai passar da forma como está. Alterações, ela vai ter”, admitiu.

Não está só. Ronaldo Caiado, o senador que quer assumir o lugar de Michel Temer em 2019; a deputada Mara Gabrilli, do PSDB mais governista que o próprio PMDB do presidente; Renan Calheiros, o ainda poderoso líder peemedebista; Paulinho da Força, o deputado sindicalista com poder de arregimentação popular.

E são justamente as ruas que poderão desequilibrar a disputa para um lado ou outro. Ao contrário do que dizem intelectuais e artistas que desconhecem os corredores do Congresso Nacional, os parlamentares são suscetíveis à pressão das ruas.

Ninguém imagina o PMDB de Temer apelando à mobilização popular em defesa da nova previdência. Entretanto, se quiserem, centrais sindicais e parlamentares que se opõem à mudança nas aposentadorias poderão se unir numa cruzada antireforma.

Apesar de combalido pelas denúncias cada vez mais contundentes que engolfam seus próceres dentre os meliantes do erário, o PT ainda tem condições de mobilizar parte do povaréu. Se souber separar a campanha contra o impeachment, maçante e desatinada, dos direitos de viúvas e agricultores, instigante e realista, pode ter sucesso.

O Brasil, acostumado a emoções fortes desde que Dilma Rousseff foi reeleita presidente com a aclamada presunção de que entendia de administração e de economia, prosseguirá assistindo a este thriller em tempo real em que se transformou nossa história contemporânea. Nova previdência, de um lado; Lava-Jato, do outro. To be continued.

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