A fala mansa de Mara Gabrilli reforça a oposição à reforma da previdência

Deputada Mara Gabrilli
Deputada Mara Gabrilli

A fala mansa e o jeito doce enganam. Sem vacilo, pois sua imagem expressa autenticidade, a deputada tucana Mara Gabrilli, portanto aliada do Governo Federal, critica em vídeo disponível na internet um dos dispositivos da reforma da previdência.

No post jogado nas redes sociais às vésperas das festas momescas, a parlamentar discorre sobre a redução de um dos benefícios destinados integralmente aos desvalidos. Ela se referia ao BPC (Benefício de Prestação Continuada), que ampara com um salário mínimo idosos com 65 anos ou mais e pessoas com deficiência.

De um jeito cândido, Gabrilli, que é tetraplégica, principia sem rodeios sua fala numa esvaziada sessão da Comissão Especial da Previdência da Câmara dos Deputados. E define o que é uma pessoa com deficiência: “é uma pessoa que paga pra fazer xixi, que paga pra fazer cocô, que paga pra virar na cama, que paga pra ficar sentada, que paga pra ir daqui até ali”.

Durante 4m11s, a parlamentar que tem rixas pessoais com o PT avança do aparente sentimentalismo à evisceração da proposta embutida numa das reformas-chave do mandato-tampão do presidente Michel Temer. Em vez de adjetivar seu discurso, exibe dados.


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Lembra que só tem direito ao benefício famílias cuja renda per capita não ultrapassa um quarto de salário mínimo. Ou seja, pessoas que vivem em “situação de extrema pobreza”.

Ao relatar que sua família “sempre teve condição”, desvencilha-se da posição de vítima sem abrir mão de quem fala “com conhecimento de causa”. O mandato, relata, permite-lhe conhecer gente de todo o Brasil que vive a deficiência sem recursos.

Revela, ainda, que muitos desses beneficiários são arrimo de família. Parte, então, rumo ao fulcro da questão: a desvinculação do BPC dos reajustes do salário mínimo, como disposto na PEC 287, pode representar a fome. E conclui: “não dá pra mexer no benefício”.

A força do pronunciamento é uma mostra das dificuldades que o governo terá para aprovar a reforma das reformas. Basta assistir ao vídeo abaixo. E que não se engane com o número de visualizações. Outras páginas que o reproduziram chegaram a quase 14 mil views. Em pleno Carnaval.

 

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