Para mudar imagem, governo tem que tirar a naftalina

Presidente Michel Temer

Passada a temporada eleitoral e o sufoco maior para aprovar a PEC do Teto, aliados do governo estão aconselhando o presidente Michel Temer a investir mais no trabalho de construção de uma imagem mais positiva. Sua avaliação, inclusive pessoal, está mais baixa do que muita gente acha que deveria nas pesquisas, sobretudo em contraste com o bom desempenho dos candidatos da base na eleição. Seria o momento, portanto, para aproveitar esses bons ventos e tentar dar uma recauchutada no perfil.

Todo mundo sabe que comunicação e marketing não fazem milagres quando o governo não ajuda. Evidentemente, é preciso ter boas decisões e políticas de governo a anunciar. Mas a aprovação da PEC e as eleições são, afinal, agenda positiva para Temer. Por que não tem impacto para melhorar a imagem do presidente?

Em conversas francas, especialistas de institutos de pesquisa diagnosticam o que consideram o principal problema de imagem: é um governo velho. Além da própria idade de Temer e seus principais auxiliares, a linguagem usada pelos governistas para se comunicar é antiquada, e diversos atos e programas assemelham-se muito com o Brasil de vinte anos atrás, dos governos Sarney e Fernando Henrique. Não são poucas as pessoas que dizem ter uma espécie de dejà vu em certos momentos.

Tentaram até rejuvenescer o governo com a presença maior da primeira dama, Marcela Temer, mas até agora essa estratégia não deu certo. Apesar do frescor da juventude, Marcela foi incluída na narrativa como uma primeira-dama tradicional, dos velhos tempos, mulher que anda atrás do marido e entra no governo para cuidar apenas de programas sociais relacionados a crianças.

Marcela, ao aparecer e discursar, mostrou que tem excelente potencial de comunicação. Mas tem que ser retirada da forma tradicional. Pode ser uma jovem profissional e antenada e continuar sendo uma boa esposa e mãe, dizem os especialistas.

Segundo os profissionais do ramo, o principal para mudar a imagem seria tirar a naftalina do governo, abrindo diálogo e interlocução direta com setores diversos da sociedade, inclusive os estudantes – que, por sinal, estão invadindo escolas por aí afora.

Nos seus 70 e poucos anos, o presidente da República não precisa se descaracterizar, mas pode mostrar que tem ideias novas e ouve gente nova. Até em casa.

 

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