O clima cada vez pior entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o deputado André Moura, líder do governo, acendeu um sinal de alerta no Palácio do Planalto.
O receio é de que isso acabe dificultando a aprovação de reformas polêmicas. Nas reuniões que promove com deputados na residência oficial da Presidência da Câmara, na Península dos Ministros, Maia não costuma chamar Moura.
Nos últimos dias, o pau comeu entre eles. André Moura acertou com outros líderes como seriam as votações do Supersimples e do fim da obrigatoriedade da Petrobras participar em todos os empreendimentos no pré-sal. Rodrigo, que voltava da interinidade na Presidência da República, não gostou.
Deu um puxão de orelha em quem fez acertos à sua revelia. O alvo era Moura. “Quem faz a pauta é o presidente da Câmara”. Isso gerou muita discussão. No dia seguinte, Moura deu o troco. Anunciou como sendo uma posição de governo a opção por regras, no projeto de repatriação de dinheiro no exterior não declarado à Receita Federal, diferentes das combinadas com Rodrigo Maia.
Rodrigo Maia pagou para ver. Acusou o governo de estar tratando os deputados como “palhaços”. Foi o suficiente para tudo ficar como dantes no quartel de Abrantes. Como informou Ivanir Bortot aqui em Os Divergentes a ordem, agora, no Ministério da Fazenda é para referendar o que foi acordado com o presidente da Câmara.
A briga entre Rodrigo Maia e André Moura vem de longe. Em maio, eles disputaram a indicação pelo então presidente interino Michel Temer para a Liderança do Governo na Câmara. Maia tinha o apoio do ministro Geddel Vieira Lima e do influente Moreira Franco. Sua escolha chegou a ser confirmada.
Líderes do Centrão e o ainda influente Eduardo Cunha atropelaram a decisão de Temer e impuseram André Moura. Já passava da meia-noite quando Geddel telefonou para Rodrigo Maia e o desconvidou. O troco veio na eleição para a Presidência da Câmara.
Até agora, os articuladores políticos do governo tentam pôr panos quentes para não desandar a agenda de reformas na Câmara. Se tiverem que fazer uma opção, não há dúvida alguma – dança André Moura. Até porque Maia, além de uma caneta poderosa, tem mandato como presidente da Câmara até fevereiro.