Lula começa na segunda-feira (19) pela cidade gaúcha de Bagé a quarta etapa de sua caravana pelo país. Desta vez, pelos três estados do Sul. Ela estava prevista para fevereiro, época de férias universitárias, os organizadores preferiram adiar o evento com receio de plateias esvaziadas.
O ato de encerramento dessa caravana está marcado para às 17 horas da quarta-feira (28), em Curitiba, véspera da Semana Santa. A expectativa generalizada, inclusive entre petistas, é de que os juízes de Porto Alegre concluam, nessa mesma tarde, o julgamento de Lula em segunda instância e determinem sua imediata prisão.
Se as previsões se confirmarem, Lula já passaria a Páscoa na cadeia.
Daí a pressa – e desespero – dos petistas que tentam pressionar o Supremo Tribunal Federal a pelo menos adiar o desfecho dessa história. Já escrevi aqui que a maneira escancarada dessa pressão – tentar acuar a ministra Cármen Lúcia — estava causando efeito contrário entre seus colegas no STF.
Estava atrapalhando inclusive o flerte entre Lula e Michel Temer para um jogo comum no Supremo, com a participação de gente do ramo como o ex-ministro Sepúlveda Pertence e o ex-senador José Sarney.
O que poderia resultar em um casuísmo disfarçado para beneficiar Lula agora e ajudar Temer mais à frente parece ter desandado. O desespero turvou o horizonte.
O entorno de Lula conta os dias para, se o STF não se intrometer no caso, ele ir para a cadeia e começar a cumprir pena de 12 anos e um mês por corrupção e lavagem de dinheiro.
A turma de Michel Temer, depois de respirar aliviada com o arquivamento pela Câmara de dois pedidos de abertura de processos, entrou de novo em pânico. Por bons motivos. Avançou a investigação sobre o decreto presidencial que teria beneficiado uma empresa portuária, e o cerco está se fechando sob o coronel João Baptista Lima e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, supostos laranjas de Temer.
Em um acordo tácito, as tropas de choque de Lula e de Temer partem com tudo na pressão ao Supremo. Por um lado,a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, puxou o coro de ataques ao STF e repete a todo instante a ameaça de que o partido não aceitará passivamente a prisão de Lula.
Pelo outro, o ministro Carlos Marun, sempre desbocado, tenta dar o tom ao anunciar pedido de impeachment do ministro Luiz Antônio Barroso, clara represália à quebra de sigilo dos investigados, inclusive Temer, no caso Rodrimar.
O pretexto do indulto de Natal é só um pretexto.
A dúvida é se a Justiça vai ceder a essa tática do grito. Nessa terça (13), em São Paulo, Carmén Lúcia voltou a dizer que não. Outros ministros têm dito coisa parecida.
A conferir.