Sai o pato, entra o sapo como novo bichinho da Fiesp

Esse país não é brincadeira não. Não existe coisa mais desmoralizada do que o pato da Fiesp. Bom, talvez a própria Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. O pato, com os olhinhos em X, pobrezinho, representa… o que mesmo? Ah, que os empresários pagam impostos demais. O empresário que “paga o pato” – quanta poesia existe dentro da Fiesp. Não subestime um industrial criativo. O pato da Fiesp foi mais longe. Esteve lado a lado com Temer, Aécio, Cunha e o MBL para representar o fora-PT, o fora-Dilma, o chega mais-Temer. Foi um dos ícones do impeachment contra a ex-presidente, orgulhosamente inflados no número 1313 da Avenida Paulista, sede do empresariado paulista na cidade de São Paulo, e em manifestações país afora.

Mas o pato morreu. Morte morrida. O pato vinha cantando alegremente, quém, quém, quando um sapo sorridente coaxou, para entrar também no samba, no samba, no samba… Foi assim que os marqueteiros da Fiesp, gênios, acharam o novo mascote. Um…sapo. Um verdadeiro conto de fadas moderno. O sapo, é óbvio, personifica, no melhor estilo La Fontaine, o fim da usura, o basta no espólio, o chega de “engolir o sapo” dos juros altos. Sim, é literal, não há leitura submilinar. É tosco assim mesmo. Mas, peraí. O sapo é símbolo da Fiesp ou da CUT?

Com Temer presidente, e Lula quase sacado da ribalta eleitoral, a briga da Fiesp é pela redução do spread bancário. “Agora é a hora de levantar a voz contra os juros injustificáveis praticados há décadas no Brasil”, afirma o panfleto distribuído pela entidade. Há algo de revolucionário na Fiesp. Se retrocedermos, historicamente, vamos lembrar que o eterno presidente da entidade, Paulo Skaf, liderou a entidade como uma das fiadoras do processo de impeachment da ex-presidenta, sem demonstrar o mesmo entusiasmo após os escândalos de corrupção envolvendo Temer. A atual campanha segue o distanciamento, com a Fiesp, nas entrelinhas, dizendo que o atual governo fez sua parte. O alvo, então, são os bancos. Malditos bancos.

Olha, o novo mascote da Fiesp, pela evolução natural das coisas, podia ser um asno.

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Jornalista e analista sênior de informações. Formou-se na Universidade de Brasília em 1987. Por mais de 20 anos, foi repórter, editor, correspondente e chefe de Sucursal em alguns dos principais veículos de comunicação do País: O Globo, Jornal do Brasil, Folha de S.Paulo, Istoé e Correio Braziliense. Trabalhou na FSB Comunicação, onde, por oito anos, foi diretor do núcleo de Mídia & Análise. É diretor de Atendimento da Santafé Ideias, no Rio, além de colaborador da Avenida Comunicação. Também é sócio-fundador da RMPJ e da Revista Tablado. Entre as premiações que recebeu estão o Prêmio Esso de Jornalismo, com a equipe de IstoÉ, e Menção Honrosa no Prêmio Vladimir Herzog. É pai de Bruno e Gabriela.