Aécio Neves, que já foi protagonista de bons momentos no Senado, acaba de pagar um mico. Um não, vários. Subiu à tribuna, tenso, enquanto a TV Senado exibia para todo o país os gatos pingados que estavam no plenário. O tucano Cássio Cunha Lima, que presidia a sessão, ainda tentou minorar o constrangimento.
Acionou barulhentas campainhas em busca de um mínimo de audiência. Sem graça, Aécio arriscou uma piada, dizendo ser um toque de boas vindas para seu retorno ao Senado.
Deputados e até o ministro Aloysio Nunes Ferreira tentaram compensar a baixa audiência.
Na tribuna, Aécio fez um relato sobre sua carreira política, como todos os outros também tentou desqualificar o delator Joesley Batista, cobriu de elogios o ministro do STF Marco Aurélio Mello ( para incômodo de Renan Calheiros) e definiu a justificativa da decisão que o levou de volta ao Senado como “peça jurídica histórica”.
Aécio disse que responderia a todas as acusações. Não respondeu. Pediu desculpas pelos palavrões ditos como se, nesse contexto, isso tivesse alguma relevância. Mas nada falou sobre as ofertas que fez a Joesley de diretorias da Vale do Rio Doce numa conversa em que seu interlocutor estava disposto a pagar R$ 40 milhões pela presidência da empresa, em tese privada.
Também nada disse a respeito das malas de dinheiro recebidas por seu primo Fred.
Que espécie de defesa é essa?
Aí, ele começou a elogiar o governo Michel Temer, cujas conquistas relevantes, disse, precisam continuar. Pareceu um pedido de socorro — afinal, ele precisa do apoio do PMDB para não ser cassado. Soou como um abraço de afogado.
Tudo muito patético. O fecho de seu discurso foi inacreditável. Defendeu que o governo revisse a sua posição e reajustasse o Bolsa Família.