O Código Penal brasileiro estabelece como pena máxima de prisão 30 anos. O engenheiro Renato de Souza Duque, 60 anos, já está com mais tempo de condenação do que de vida. Diretor de Serviços da Petrobras, entre 2003 e 2012, era simplesmente o cara no grande esquema de arrecadação de propina para o PT na empresa estatal.
Há tempos, Renato Duque namora uma delação premiada. Mas ela sempre empacava. Os petistas achavam que ele, profundo conhecedor dos percursos percorridos pelo dinheiro sujo, resistia em entregar companheiros de alto coturno no partido.
Fontes da Operação Lava Jato dizem que não é bem assim. Duque sempre foi pródigo, nas negociações com os investigadores, em apontar o dedo para gente graúda no universo petista. O problema é que quando se referia às próprias trapaças, ao dinheiro que obteve com propina, era muito econômico. Por suas versões, aparecia como uma espécie de inocente útil nas maracutaias.
Como o portão de entrada para delações premiadas está se fechando, Duque mudou de postura e está perto de fechar o acordo. Vai fazer um estrago sem precedentes no PT. Mas o que mais anima os investigadores nem é o que ele vai contar. É o que trará junto.
De acordo com fontes ligadas a Lava Jato, a delação de Duque é a senha para a mais aguardada das confissões, a do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Este, sim, conhece as vísceras do PT. E é o próximo na fila. “A Dilma (Rousseff, presidente afastada) nunca escondeu sua aversão ao João (Vaccari). O desprezo é mútuo. Vem chumbo grosso. João sempre foi da turma mais íntima de Lula, sabe tudo”, avalia uma estrela que brilhou nos grandes momentos petistas, sob a condição de anonimato.