Risco de delação junta votações de Cunha e Dilma no mesmo pacote

Dilma Roussef e Eduardo Cunha separados por Renan Calheiros - Foto Orlando Brito

Não se fala de outra coisa, à boca pequena, no Congresso: o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) está ameaçando denunciar todos aqueles que um dia foram seus aliados e que agora permitirem que seja cassado.

O jornal “O Estado de S.Paulo” diz até que ele estaria preparando um dossiê com dados sobre aliados para uma eventual delação premiada.

O fato é que, ao mesmo tempo em que essas ameaças circulam com mais vigor, também começam a ser discutidas nos corredores novas datas para a votação da cassação do deputado em plenário.

Bloco de partidos comandado por Eduardo Cunha, o Centrão pressiona o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para a deixar a votação para setembro. Tese que, nos bastidores, já ganha a simpatia de alguns articuladores do governo: votar a cassação depois que o Senado aprove definitivamente o impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff.

Mas o que uma votação tem a ver com a outra?

É que a cúpula do PMDB mais ligada ao governo foi durante muito tempo também muito ligada a Eduardo Cunha. Se ele se sentir traído por uma eventual derrota em plenário e suas ameaças forem verdadeiras, a delação atingiria boa parte dos principais articuladores do impeachment.

Para Cunha, deixar a votação para setembro — ou seja, depois da votação do impeachment e numa data mais próxima das eleições municipais de outubro — aumenta a probabilidade de baixo quórum em plenário. E até de que seu caso fique para mais adiante ainda.

E, como já foi dito aqui, quanto mais tempo Eduardo Cunha ganhar, mais tempo terá para tentar tirar o julgamento de sua mulher e filha do fórum de Sérgio Moro, em Curitiba.

 

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