Houve um momento, no começo da semana, em que um furo de notícia desejado por qualquer escrevinhador do planeta e pelos seus leitores parecia que explodiria, de vez, o frágil e ineficiente governo de Jair Bolsonaro. Os lulistas de plantão, que comemoravam nas redes sociais, estavam enganados. Na capital americana, nas luxuosas salas do departamento de Estado e de diversas organizações que monitoram o “Arraial de Ciro Gomes”, os barnabés não deram a mínima importância para o material publicado pelo site “The Intercept Brasil”.
“Tudo em Brasília termina em pizza”, comentou um funcionário do governo americano. “Brasileiro é só de fritar bolinhos. Só faz barulho”, ironizou um ex-diplomata americano, que serviu no Brasil nos Anos de Chumbo.
Nestes últimos seis meses, a história brasileira registra diversas tentativas dos três poderes de não respeitar à Constituição. O eleitor do atual presidente não acredita nas notícias publicadas nos veículos tradicionais de comunicação.
O presidente Bolsonaro e os seus adeptos reagiram às denúncias do site “The Intercept Brasil” com pressões veladas ou escancaradas. O Planalto ataca a orientação sexual do jornalista norte-americano Glenn Greenwald. Nas redes sociais, os bolsonaristas pedem a deportação do periodista estrangeiro.
O Brasil encerrou o ano de 2018 como o oitavo país com o maior número de assassinatos de jornalistas no mundo. No total foram quatro mortes no ano marcado por eleições, o mesmo número registrado nas Filipinas.
O traço corriqueiro que mais intensamente enfatiza o caos social, político e econômico no Brasil é a constatação de que amigos, motoristas e filhos do poder ganham salvo conduto para navegar livremente no terreno da ilegalidade – portanto, se for o caso, alvará para assassinar.
As consequências das denúncias do site “The Intercept Brasil” dirão se a “Pátria de Flávia Schilling” vive um Estado de Direito ou se permanece nos Anos de Chumbo. Neste, a lei não vale para todos e, precisamente por isso, promotores e juízes da República podem fraudar inquéritos, e jornalistas estrangeiros são um luxo que pode ser deportado ou eliminado.
“GO ARMY, BEAT NAVY”