Em São Paulo, o PSDB vai começar a reconstrução de José Serra. Submerso desde que deixou o Itamarati, o senador é resgatado como a solução para iniciar rapidamente a restauração do pilar principal do edifício tucano para enfrentar as grandes campanhas que desafiam o partido. São Paulo é a coluna mestra da catedral peessedebista.
O nome de Serra volta à tona trazido por segmentos ligados à campanha do governador Geraldo Alckmin. A inconstância da ação centrífuga do prefeito João Dória e o esfarelamento da liderança do senador Aécio Neves botam o PSDB na defensiva. Serra é o nome para contribuir à reunificação do partido, como alternativa mais forte para o Palácio do Morumbi.
A volta de Serra tem potenciais para repor em linha aliados tradicionais, que estão ainda à espera dos acontecimentos para se definirem, tais como seus parceiros da antiga esquerda ortodoxa, como os velhos comunistas do PPS e outros segmentos ideológicos que noutros pleitos se alinharam com o senador. Ou seja: os mesmos que estiveram com Serra em eleições passadas, para a Câmara, Senado, Prefeitura, governo estadual e presidencial. Nas vitórias e nas derrotas.
Analistas tucanos observando os movimentos internos do partido, atribuem a Geraldo Alckmin o controle desses movimentos, no sentido de reforçar sua candidatura e impedir ao máximo a fragmentação do PSDB até outubro do ano que vem.
O caso Aécio Neves é grave porque o senador mineiro, como presidente nacional do PSDB, vinha trabalhando intensivamente as bases, município a município, uma ação que se reforçava sua candidatura, também dava musculatura à organização partidária. Esta ação de militância não se desfaz com os processos de Janot. Um desmonte apressado ou hostil da máquina aeciana pode abalar o projeto paulista.
Também a ação do prefeito João Dória, em caso de dissidência, pode ser desastrosa. Sua campanha poderá criar um efeito sinérgico muito importante, se não houver rompimento com Alckmin, como ele proclama.
Entretanto, se Doria partir para a dissidência, será uma força desestabilizadora muito perigosa. Neste sentido, a volta de Serra é um elemento positivo para segurar ao máximo a unidade do PSDB. Caso Aécio colabore com a candidatura do governador paulista, a unidade dos três caciques será um fato agregador para o peessedebismo histórico, mesmo que algum deles, ou todos, estejam sob ameaça de processos. Afinal, a maior parte dos candidatos que se apresentam têm alguma explicação a dar sobre as finanças de suas campanhas passadas. Serra é uma espada valiosa para o tucanato de São Paulo.