Aécio é a ponta visível do problema que aflige o PSDB

Na linha do que dizíamos por aqui na terça-feira (17), a Aécio Neves (PSDB-MG) não foi dado muito tempo para comemorar sua permanência no Senado. Menos de um dia depois, o presidente interino do partido, senador Tasso Jereissati (CE), defendeu com todas as letras que Aécio renuncie do comando tucano.

Antes do dono da Friboi, Joesley Batista, passar como um vendaval pela sua vida, denunciando que pagou propina a ele usando como intermediário seu primo, Frederico Pacheco (acusação que Aécio nega), Aécio era, além de senador, o presidente do PSDB. A denúncia que o tirou temporariamente do Senado o tirou temporariamente também do comando tucano. Aí, não por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), mas por decisão partidária.

Recuperado o mandato, Aécio tem imensa dificuldade de recuperar o comando de seu partido. E ainda que consiga recuperá-lo de direito, muito dificilmente o recuperará de fato. É o que explicitou a sinceridade de Tasso. Se voltar à presidência do PSDB, ele não retomará o comando de todo o partido. Uma parte já não o respeita e muito menos seguirá suas orientações. O atual presidente interino do PSDB à frente.

Aécio é a ponta mais visível da tremenda discussão interna que vive o PSDB sobre seus rumos. Ela já tinha se explicitado um pouco lá atrás com o tal programa partidário que Tasso autorizou sem consultar seus colegas, pregando que o partido tinha de assumir seus erros. Falava ali da existência do que batizou como “presidencialismo de cooptação”.

O problema é que o tal “presidencialismo de cooptação” é a base da corrupção que é denunciada em casos como o de Aécio. É a base de uma relação entre financiadores e financiados na política que estava presente também no tempo em que o PSDB estava no poder nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. É a base sobre a qual se estabelece a relação entre os governos e suas bases. E isso também era assim nos governos do PSDB. E ambas as coisas são assim no governo Michel Temer, do qual o PSDB faz parte.

Parte do PSDB parece querer ser condutora de uma mudança que pretende eliminar situações sobre as quais outra parte do PSDB aparece como protagonista. É um problema…

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