Até agora, ficavam no terreno dos discursos acirrados da luta política e até da paranóia as afirmações de que haveria algum risco de as eleições de 2018 não se realizarem. A instalação de comissão especial na Câmara para votar a PEC 77A/2003 – que prevê o fim da reeleição e a coincidência de mandatos e de eleições a partir de 2022 – porém, chega em má hora e vem reforçar esses temores.
A leitura da resolução de instalação da comissão, hoje em plenário, foi trazida à luz agora à tarde pelo petista Paulo Pimenta. A notícia se espalhou pelas redes em tom de alarme.
O deputado Vicente Candido, também petista, correu a esclarecer que a possível coincidência de mandatos é apenas mais um item da reforma política e, se aprovada, só valeria para as eleições de 2022 ou 2026. De fato, não há nada escrito na PEC sobre o adiamento do pleito de 2018.
Mas jabuti não sobe em árvore, e quem conhece o parlamento sabe que, em plenário, alteram-se datas e prazos com muita facilidade – sobretudo quando eles dão de presente mais dois anos de mandato a deputados e senadores, ao lado do presidente da República. Um senhor presente para a classe política, que chafurda hoje no mar da impopularidade.
E fica a pergunta: por que ressuscitar uma PEC de 2003, com admissibilidade já aprovada? Provavelmente porque alguém tem pressa. Para tratar de uma norma que entra em vigor só em 2022?
Pelo sim, pelo não, muita gente vai começar a dormir de olho aberto.