Os que latiam, miam. Esta é a frase política síntese depois de três anos da operação Lava Jato, deflagrada em março de 2014. O rigor contra uns foi substituído pela complacência contra outros. Parece ter sido combinado assim, a empreiteira Odebrecht corrompeu no exterior, nos governos do PT, e para os demais adotou-se o sinônimo caixa 2.
A decisão do STF, de atender a PGR, e determinar a investigação contra meio mundo não é explorada em sua amplitude. Em determinado momento, a condenação sumária foi substituída pelo direito à inocência até que se prove em contrário. Mas entre a população, esse contorcionismo não cola. Para ela, todos são culpados.
Os resultados das pesquisas de intenções de voto vão mudar até outubro do ano que vem, quando se realizam as eleições presidenciais. Mas hoje, elas mostram quem está sobrevivendo e quem pode emergir da lama que tomou conta da política. Os partidos que se opõem ao petismo não saíram do lugar e vários de seus quadros foram empurrados para a valeta.
Mesmo beneficiados pela boa vontade dominante, suas asas foram tosqueadas. A despeito disso, aquele que foi colocado no pedestal de vilão principal sobrevive. Não se sabe até quando esta sorte vai durar, mas o ex-presidente Lula lidera as pesquisas. Seus principais adversários foram colocados no chinelo. Um outsider vem aí?
Ainda é cedo para dizer. Para virar o jogo, parece que parcela da oposição a Lula, passou a apostar num outsider, o prefeito de São Paulo, João Dória. Não é possível determinar o fôlego, mas o deputado Jair Bolsonaro, encarnação da direita, chegou a um patamar inimaginável, quando o escândalo da Petrobras começou.
Culpado? Displicente! Enxovalhado! E, mesmo assim, Lula sobrevive. Isso não é coisa de lulista ou petista, basta acompanhar diariamente os ataques que ele sofre da oposição e de seus porta-vozes. Vivemos num momento da história em que os brados pela ética convivem com o silêncio. Dessa regrinha, só quem não se beneficia é o surrado PMDB.
A crise econômica derrubou a ex-presidente Dilma. Esta crise não deixa o presidente Temer, e seu governo, sair do chão. Tudo indica que a população mais pobre procura uma esperança de que dias melhores virão. Crescimento da economia, estabilidade e alguma fartura. Isso pode explicar o desempenho de Lula.
O PSDB quer se colocar nessa perspectiva. Trabalha para resgatar a memória do Plano Real. Há um filme que busca justamente trazer para os nossos dias os grandes benefícios sociais e econômicos do plano implementado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Na película, FH é um coadjuvante e o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, é apresentado como o Pai do Plano Real.
* Ilimar Franco é jornalista. O texto acima é uma colaboração para Os Divergentes