Dois anos e nove meses parece tempo suficiente para perceber que a Operação Lava-Jato é diferente de outras tantas investigações. A maior parte parava ao esbarrar num magano poderoso.
Se avançasse, o inquérito chocava-se noutro muro: a Justiça. Poucos eram, de fato, condenados.
Consequência de desídia ou alguma motivação desconhecida, a maior parte das autoridades flagradas em delito livrava-se das grades. O Mensalão foi o primeiro grande caso que fugiu à regra.
Sergio Moro, o juiz voluntarioso de Curitiba, cujas motivações se desconhece, já mostrou sua inclinação a verdugo: condena com rapidez e aplica sentenças robustas. Diferente da Suprema Corte brasileira, que adota ao extremo a parcimônia ao consignar punições a maganos. Quando o faz.
Moreira Franco e Eliseu Padilha, os dois mosqueteiros que restaram ao presidente Michel Temer (Geddel Vieira Lima já foi ejetado do posto), aparecem agora com maior evidência de envolvimento na Lava-Jato. A delação de Claudio Melo Filho, da Odebrecht, apontou ambos como operadores de propinas do PMDB.
Temer pode chamar os dois e negociar o afastamento dos correligionários. Ou, se quiser optar pelo método mais dolorido, esperar novos vazamentos sobre o envolvimento da dupla palaciana. Tudo vai depender do grau de comprometimento presidencial com os dois auxiliares.