Se o teto salarial é uma imposição legal tem que limitar o vencimento de todos os servidores, sem exceção. Por si só, o desrespeito à regra é grave. Quando beneficia juízes e outras autoridades encarregadas de assegurar a aplicação das leis é ainda mais grave.
É inacreditável que, em uma reunião nessa segunda-feira ( 14) de 25 presidentes de Tribunais de Justiça de todo o País com a ministra Cármen Lúcia, um dos temas tenha sido a reclamação contra a comissão do Senado criada para passar um pente fino nos salários dos Três Poderes.
A ministra não endossou o chororô. Diferente de seu antecessor, Ricardo Lewandowski, ela não se sente bem no papel corporativista de dirigente sindical.
Os desembargadores têm até razão quando atribuem a apuração como uma retaliação do senador Renan Calheiros às investigações da Operação Lava jato. Ela faz parte do pacote de represálias de Renan.
Como outro colega alvo da Lava Jato, o sempre enrolado Fernando Collor, Renan quer se reinventar agora como caçador de marajás. Ele sabe que está mexendo em um vespeiro, mas se for fundo expõe o calcanhar de Aquiles do Judiciário.
Renan só não vai conseguir mudar a própria biografia e nem escapar das investigações. A causa, porém, é boa. O problema é que, como o jornal O Globo divulgou em outubro, 75% dos juízes brasileiros recebem acima do teto. Para isso, usam e abusam de artifícios. Eles reagem dizendo que no Senado também há servidores com salários acima do que prevê a lei.
O Senado e a Câmara dos Deputados prestarão um bom serviço ao país se obrigarem a todos a devolução do que vêm recebendo além do que estabelece a lei. Alguém acredita nisso? A conferir.