Em interpretação livre do mestre Didi, pesquisa é pesquisa, urna é urna. Mesmo com essa ressalva, é surpreendente o que rola em Porto Alegre. Em julho, na largada da campanha, a capital gaúcha aparecia como uma ilha para petistas e herdeiros em um mapa de desastres eleitorais em todo o país.
Mais que as perspectivas eleitorais de Luciana Genro (P-Sol) e Raul Pont (PT), em um raro exemplo de uma suposta separação entre o joio e o trigo nas searas petistas, chamava a atenção a facilidade com que qualquer um dos dois atropelaria quem se apresentasse como adversário no segundo turno.
O vento virou. Minuano chegou. Mais do que Pont empacado, Luciana em queda livre, as pesquisas mostram que nenhum dos dois chegaria com competitividade ao segundo turno. Se não rolar voto útil, há risco inclusive de ambos ficarem fora do páreo.
O que mais impressiona é que Porto Alegre foi berço do chamado modo petista de governar. O PT bateu cabeça na transição democrática. Depois da derrota das “Diretas, Já”, negou apoio à candidatura Tancredo Neves e fez beicinho na hora de assinar a mais importante e democrática Constituição de nossa história.
Em 1 de janeiro de 1989, o bancário Olívio Dutra tomou posse como prefeito de Porto Alegre. Começavam ali algumas experiências de gestão, como o Orçamento Participativo, que encantaram o país e ajudaram a turbinar a primeira campanha de Luís Inácio Lula da Silva à Presidência da República.
O crepúsculo em Porto Alegre, onde a militância petista sempre deu show de bola, é tão significativo quanto a ausência de Lula na campanha pela prefeitura de São Bernardo do Campo. Ou ser escondido em Caetés e Garanhuns. Para quem um dia se olhou altivo para o horizonte, agora fica difícil se ver no espelho.