O PRB, partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, sempre mostrou preferência por cuidar de pescadores. Nos governos Dilma Rousseff, desalojou o PT e emplacou dois ministros da Pesca – o senador licenciado Marcelo Crivella e o senador em exercício Eduardo Lopes – e deixou, a contragosto, o posto para o PMDB.
Depois da lambança que ali todos fizeram, o ministério se transformou em Secretaria Nacional ligada ao Ministério da Agricultura. A então ministra Kátia Abreu determinou que fosse passado um pente fino sobre os beneficiários do seguro defeso, um escândalo. A Polícia e o Ministério Público apuraram desvios de toda ordem. Descobriram, por exemplo que, em várias comunidades, o número de quem recebia o benefício superava o de habitantes.
Em junho escrevi aqui em Os Divergentes que o Palácio do Planalto havia vetado a volta do comando da Pesca para o PRB. Seus novos inquilinos temiam o risco. No entendimento do partido, no entanto, a Pesca seria um dos trunfos do pacote de recompensa pelo apoio ao impeachment de Dilma Rousseff. Mas, na visão palaciana, a avaliação era bem diferente.
Apesar de um enxugamento de 900 para cerca de 90 funcionários, perda do status de ministério e redução do Orçamento, o PRB queria porque queria o cargo. Essa insistência ampliou a desconfiança palaciana.
Mas o que se negou a pagar por conta do apoio dos deputados do PRB, o governo Temer cedeu na tramitação do impeachment no Senado. Voltou atrás pelo voto de apenas um senador, Eduardo Lopes. O partido venceu a queda de braço e emplacou como secretário nacional da Pesca Dayvson Franklin de Souza, afilhado político do deputado Cleber Verde (PRB-MA). Tudo indica que mais do que a multiplicação dos peixes, no mínimo o interesse ali é pela pesca de votos.