São muitos aqueles que se perguntam sobre como o PMDB sobreviveu como um grande partido nacional. Afinal, muitos de seus quadros, desde o governo do ex-presidente José Sarney, são envolvidos em escândalos de corrupção. Nos últimos anos, outro tanto se pergunta sobre como o PT sobrevive ao escândalo Lava Jato? Como o ex-presidente Lula, depois de tudo o que aconteceu, lidera as pesquisas das eleições para a Presidência da República?
Podem existir muitas explicações. As intelectualmente mais rasas vêm daqueles que dizem que a população é sem-vergonha, despreparada e por aí vai. A mais razoável é a de que esses partidos e seus quadros representam ideias e visões compartilhadas por amplas faixas de eleitores.
Alguns destes sempre votam nos partidos que representam aquilo em que acreditam. Os partidos dependem, de forma permanente, de sua capacidade de defender ideias e não do número de erros e faltas que cometam no jogo da política.
Mesmo assim, muitos são os que ficam intrigados. Depois de tudo que possa ter acontecido, partidos e personagens continuam tendo apoio. Como, por exemplo, o partido da ditadura militar, o PP, continua sendo um partido nacional representativo?
O outro segmento dos eleitores é daqueles que oscilam de acordo com o benefício que recebem. Que vão de um lado para o outro de acordo com seu interesse particular.
O PMDB e o PT não representam a corrupção. O PP não representa a tortura. Esses partidos representam ideias. E a vida e os eleitores tratam de fazer uma seleção natural dos que estão aptos ou dos que perderam a capacidade e a condição de jogo.
Um torcedor de um time de futebol não o abandona. Ele segue torcedor a vida inteira. Um dos seus jogadores usou doping para jogar. Outro se lesionou e passa por um período de recuperação. E há os que não voltam mais. Um dirigente comprava juízes para seu clube vencer. Vários são os times que não ganham campeonatos por anos a fio. Outros são rebaixados. Há os que são fregueses de seu principal rival. Violência, expulsões, etc. Um time de futebol pode não cativar novos torcedores, mas não perde os que já têm. Como diz aquela frase: uma vez Flamengo, sempre Flamengo.
Na política, como no futebol, os torcedores de bandeiras, cores e ideais não mudam de lado, aconteça o que acontecer. Isso vale, sobretudo, para os que acompanham mais de perto e se dedicam a viver a atividade pública. A defesa de ideias não depende exclusivamente de um atleta. Se um jogador cai no campo de batalha, ele é substituído, e o time segue adiante. É como uma corrida de revezamento. O time, e a sua torcida, seguem adiante. Os corredores vão passando os bastões uns para os outros.
Já disseram que a vida não se resume a festivais. Partidos e ideias também não se resumem a erros e tropeços. Quando tudo dá errado, o responsável nunca é o seu time, mas os outros: o juiz, a mídia etc. Ideias e partidos sucumbem apenas quando não há quem tenha envergadura para levantar do chão e empunhar suas bandeiras.
Vamos lá: o PDT com e sem Brizola; o PMDB de São Paulo com e sem Quércia; o DEM da Bahia com e sem ACM, e, o PSB com e sem Eduardo Campos. Ou, o PSDB de Minas com o Aécio de antes e o de agora.