O presidente eleito, Jair Bolsonaro, declarou que não vai se meter na eleição para a Presidência da Câmara dos Deputados e que o seu partido, o PSL, não deve reivindicar o posto. Isso não quer dizer que ele não terá candidato.
Nem suas palavras indicam qualquer simpatia pela recondução do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM). Será que não seria o caso de perguntar se quando ele disse que não iria se meter, também se referia ao poderoso ministro Onix Lorenzoni (DEM).
A bancada de Bolsonaro na Câmara vai muito além do PSL. Sua bancada é multipartidária é dela fazem parte até integrantes dos partidos tradicionais, como o MDB, o PSDB e o DEM. Um presidente forte, como se escreve amplamente na mídia, não vai querer comer na mão de um grupo parlamentar cujo poder se diluiu nas eleições parlamentares.
Desde a redemocratização, todos os presidentes, fortes ou fracos, quiseram um Congresso à sua imagem e semelhança. E quando se fala do despreparo de deputados, nunca é demais lembrar a eleição que levou Severino Cavalcanti (PP) à presidência da Câmara.
Deputado do baixo clero, ele derrotou o candidato do PT, partido do presidente Lula, que ainda estava em seu primeiro mandato (2005). Se um candidato com esses predicados é capaz de derrotar um presidente da República no auge de seu poder, imagina um presidente da Casa que não tem pai nem mãe.
Não sabemos o que vai acontecer, mas devemos prestar a atenção nos movimentos que ocorrem à sombra dos holofotes. O deputado Fabinho Liderança, o primeiro vice-presidente da Câmara, é um exemplo. Ele troca de partido com quem muda de camisa.