Nos últimos dias da campanha presidencial de 2020, o presidente Donald Trump continua a inundar o país com afirmações falsas e enganosas sobre a pandemia do coronavírus. A possibilidade surpreendente de que o candidato republicano esteja se afogando em sua própria zona de inundação está se revelando em várias frentes ao mesmo tempo.
Os casos acresceram em todo o país, enquanto Trump insiste “estamos superando as dificuldades”. O presidente continua a afirmar que as infecções nos EUA estão aumentando “porque fazemos mais testes do que qualquer outra nação”, quando os especialistas afirmam que o principal motivo é a disseminação da doença.
Em recentes entrevistas, o presidente respondeu negando e atacando quando as jornalistas Savannah Guthrie, da NBC, e Lesley Stahl, da CBS, questionaram suas alegações diante das câmeras. Ele perdeu o controle. O presidente diz às multidões que a cobertura da mídia sobre a pandemia visa prejudicá-lo politicamente e “deveria ser uma violação da lei eleitoral”.
Os Estados Unidos não estão “dando a volta por cima”. Os casos de coronavírus estão aumentando em todo o país.
Trump exagera a eficácia e eficiência com que a doença está sendo gerenciada nos estados governados pelos republicanos e como as medidas de paralisação são rígidas nos estados governados pelos democratas.
Ele afirma ter salvado 2,2 milhões de cidadãs, fazendo mau uso de um estudo que não faz tal conclusão. Ele vangloria de que os Estados Unidos têm 42% menos mortes por excesso de mortalidade do que a Europa é, na melhor das hipóteses, prematura, incerto e, em qualquer caso, considerando a escassez de dados confiáveis. A força dos anticorpos de Trump não depende de sua cobertura da mídia.
O candidato republicano mente muito, confunde as coisas e tem uma imaginação muito fértil. Quando à incompetência política de Trump, ela tem sido diagnosticada nas pesquisas eleitorais, em todos os estados, aonde chegam causar um desespero. É tão grande, é verdade, que os democratas podem passar a controlar as duas casas do congresso americano – o que pode, até, servir de importante aliado para Joe Biden reconstruir a democracia , estancar a hemorragia na alma do país, e melhorar a imagem do Tio Sam no resto do mundo.
Em si, a desastrada passagem por Trump na Casa Branca, deixará estragos significantes na sociedade americana. O republicano eliminou leis de proteção ao meio-ambiente, reduziu impostos de bilionários, trancou crianças em gaiolas, e nomeou incompetente e reacionários juízes federais.
A última aberração do presidente foi a indicação de Amy Coney Barrett para a Suprema Corte. Todos os órgãos jurídicos foram contra a nomeação de Barrett para o cargo. Pela segunda vez na história, um juiz tomou posse sem o apoio dos republicanos e democratas. O país nunca teve tão divido. A nova juíza tem uma posição ideológica bem conhecida – ela pensa que a bíblia deveria ser a constituição. Barrett tomou posse com a missão de ajudar a eliminar o Obamacare e deixar 25 milhões sem assistência médica no meio da pandemia, tornar aborto ilegal, proibir casamento entre homossexuais e impedir a união de brancos e negros. Em termos práticos, poderíamos dizer que Barrett faz com que a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, pode ser rotulada como ex-membra do grupo Tupamaros, e o ex-ditador Emílio Garrastazu Médici reconhecido como companheiro de Che Guevara.
Mesmo com os últimos números erráticos e incoerentes das pesquisas, Trump ainda sonha com o segundo mandato. Em Washington(DC), organizações de proteção aos imigrantes frisam que a reeleição do republicano terá efeitos catastróficos para a história da formação da sociedade americana. O presidente, se for reeleito, promete reformar as leis de imigração. Traduzindo: licença para atirar bombas de gás, eletrocutar e matar “imigrantes sem documentos” atravessando a fronteira americana.
Trump deixará, infelizmente, um país solitário no mundo, com uma população mais pobre, enraivecida, dividida, e com o coronavírus se espalhando em alta velocidade e mortalidade.