A turma da quinta série no comando do país

Ao invés de buscar soluções para os problemas do país, integrantes do alto escalão do governo preferem colocar apelidos nos coleguinhas

O ministro Paulo Guedes, da Economia, e Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, descem na rampa do Planalto - Foto Orlando Brito

Maria Fofoca, Maria Veneno, Banana de Pijama e Nhonho. Esses foram alguns dos nomes que circularam pelo noticiário político nacional nos últimos dias envolvendo ninguém menos que dois ministros do governo e o presidente da Câmara dos Deputados. A impressão que se tem é de que estamos sendo governados por crianças da 5ª série (com respeito às crianças da 5ª série, que muitas vezes são mais maduras e educadas que nossos governantes).

Olavo, Bolsonaro e o filho Eduardo
Ex-ministro, Abraham Weintraub – Foto Orlando Brito

Não é surpresa para ninguém que o governo de Jair Bolsonaro não seria um exemplo de elegância e educação (uma equipe que tinha Abraham Weintraub dispensa comentários). A divulgação da fatídica reunião do dia 22 de abril, determinada pelo ex-ministro Celso de Melo, mostrou ao Brasil o baixo nível dos nossos ministros e do próprio presidente, que falou mais palavrão que o Olavo de Carvalho.

A baixaria, antes restrita a discussão com adversários, está virando autofagia. Integrantes do próprio governo se agredindo mutuamente e o presidente da República o que faz? Nada, finge que não é com ele. Caberia a Bolsonaro chamar atenção dos seus “alunos” e colocar um ponto final na treta e ordem na sala de aula. Bem, mas pra quem corre atrás das emas do Alvorada com uma caixa de cloroquina na mão, essa situação deve ser vista apenas como um chiste.

Enquanto eles brigam pelas redes sociais, os problemas se acumulam no país. Ricardo Sales, por exemplo, ao invés de cuidar do nosso meio ambiente, asfixiado pela fumaça das queimadas na Amazônia e no Pantanal, prefere ir para o Twitter colocar apelidos nos coleguinhas.

Pior, terceirizou a culpa por chamar publicamente o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de Nhonho, nome dado pela turma do gabinete do ódio ao deputado do Democratas, depois que Maia entrou na briga para defender o general Ramos. Ao perceber que passou do ponto e que o parquinho pegou fogo, Sales tentou se justificar dizendo que sua conta na rede social foi raqueada. Ah, tá!

Jair Bolsonaro, o ministro Ricardo Salles, o general Ramos e o delegado Ramagem, à direita, ao fundo e Luiz Eduardo Ramos – Foto Orlando Brito

O general Luiz Eduardo Ramos, ou Maria Fofoca para os íntimos, não gostou da brincadeira, mas ao invés de cobrar do chefe uma reprimenda no bagunceiro da sala e se portar como um verdadeiro general, resolveu se reunir com amiguinhos de outras turmas e escolher um apelido para o adversário. Criou o Maria Veneno – total falta de imaginação. Que preguiça!

Rodrigo Maia e Roberto Campos Neto
Os ministro Marinho e Guedes – Foto Orlando Brito

O que fica de toda essa brigalhada boba é que os integrantes do alto escalão do governo, ao invés de buscarem soluções para os problemas do Brasil, que não são poucos e nem fáceis, estão mais preocupados em se xingar pelas redes sociais, seguindo o exemplo do chefe maior que vive arrumando treta por aí. E o mimimi corre solto. Hoje de manhã, Rodrigo Maia postou em uma rede social que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, “não está à altura de um presidente de Banco de um país sério”, por supostamente ter vazado uma conversa dos dois. Uma hora depois, recuou e atribuiu o tal vazamento a terceiros. O ministro Paulo Guedes uma dia briga com Rodrigo Maia e no outro com Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional. O alvo nessa terça-feira foi Marinho chamado mais uma vez por Guedes de ministro gastador e fura-teto. Lamentável!

Deixe seu comentário