Temer e o sonho de virar o “presidente mais nordestino do Brasil”

Por Basilia Rodrigues

Numa combinação de agendas, Temer e ministros devem desembarcar no Nordeste neste mês para o lançamento de linhas de financiamento e de mais um trecho da incansável obra de transposição do rio São Francisco.

Este é o último mês de pelo menos 12 ministros, que estarão nas eleições deste ano, e turbinaram suas agendas de eventos e viagens pra aproveitar os últimos minutos de fama, vôos da FAB e todo aparato da mídia. Todos têm que se desincompatibilizar dos cargos até o início de abril.

O presidente Michel Temer deve pegar carona no anúncio de algumas dessas medidas. A ideia é realizar pela primeira vez uma super reunião com os fundos constitucionais do Nordeste, Norte e Centro Oeste e anunciar a liberação de recursos, o que está sendo chamado de “super Condel”, que é a sigla de “conselhos deliberativos”.

Em 2016, quando esteve lá, o peemedebista, que é de São Paulo, chegou a dizer que queria ser conhecido como “o maior presidente nordestino do Brasil”. O Nordeste desperta mesmo sempre isso, os votos que a região pode render em uma eleição mais ainda, seja quem for o candidato de Temer, como ele mesmo.
Os fundos vão entrar com 1 bilhão e 100 milhões de reais pra bolsas de estudos do Fies e também um montante ainda não definido para uma nova linha de financiamento voltada à geração de energia solar em casas e empresas. A equipe econômica avalia os números. O cartaz eleitoral é inegável: o que o morador produzir a mais de energia solar poderá ser convertido em desconto na conta de luz ou na forma de pagamento da linha de financiamento para a compra das placas que vão gerar a energia deste tipo.

Além disso, a intenção do governo é inaugurar a terceira estação de bombeamento no eixo norte da transposição do Rio São Francisco – menina dos olhos de Temer, o último tijolo pra conseguir entregar a obra completa ainda neste ano.

Ministro Hélder Barbalho e o senador Jáder: filho e pai. Foto Orlando Brito

E nestes anúncios avaliados por Temer, estará o ministro da Integração, que é do mesmo partido. Helder Barbalho é o nome favorito do MDB para o governo de seu estado, o Pará, no Norte do país. Os ministros candidatos têm feito um mix de agendas. Um vai no estado do outro, levando projetos. Viagens de trabalho com tom de campanha. Barbalho esteve no estado para a entrega do Minha casa, Minha vida com o ministro das cidades, Alexandre Baldy, que é de Goiás; e também para o anúncio de internet popular com o ministro de tecnologia, Gilberto Kassab, que é de São Paulo. Em contrapartida, ele também visitou o reduto eleitoral dos colegas ministros fazendo anúncios.

O Ministério da Educação também tem agenda intensa neste mês, muitas dentro do próprio Palácio do Planalto. O ministro, Mendonça Filho, cogita Senado ou o governo de seu estado, Pernambuco, pelo Democratas.

Nos próximos dias, tem lançamento de um programa de reforço na alfabetização nos municípios, com liberação de recursos; novidades no Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM de 2018. E, depois, a esperada base curricular do ensino médio – que vai reorganizar o currículo das disciplinas.

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