A crença

O contestador- Foto Renato Alves/ObritoNews

Tudo começou com “As Veias Abertas da América Latina”. Depois, foi a “História da Riqueza do Homem”. Com a leitura desses dois livros, fechava-se o ciclo pós-adolescência. Aí pintou “A Utopia” e, na sequência, “O 18 Brumário de Luís Bonaparte”. Por fim, o ansiado “O Capital”. Foram ainda inúmeros grupos de leituras, cartilhas vermelhas, manuais de sobrevivência, intermináveis reuniões em salas à meia-luz. O que seria melhor: focos revolucionários ou o levante das massas camponesas com o apoio dos trabalhadores urbanos? O grupo de Gramsci foi o mais interessante. Nele, conheceu a companheira de uma vida inteira. Concordavam em tudo, desde a educação dos filhos à postura política. E não é que os tempos atuais ameaçam essa união até então inabalável. O cara se vestia de militante para combater um inacreditável complô midiático/jurídico/policial quando a mulher ralhou:
– Tá ficando abestado. Agora defende a propriedade privada, é? E dos outros?
Encerrou com um muxoxo e um balançar de cabeça característico da negação.

Ele nem se abalou. Obreiro, tinha a convicção de que só abdicaria do projeto para aderir a uma igreja pentecostal.
Pegou o espeto de furar boneco inflável e foi à luta.

* Texto publicado no FB em 01/03/2017. Atual como hoje.

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