1. As eleições municipais não têm nenhuma relação com as eleições presidenciais.
2. O resultado das eleições municipais, qualquer que seja ele, não permitirá concluir que chegou ao fim a polarização PT/esquerda x Bolsonaro.
3. O MDB elegeu o maior número de prefeitos e vereadores desde o final da década de 80, mas teve candidatos próprios ao Planalto fragorosamente derrotados em 1989 (Ulysses fez menos de 5% dos votos), 1994 (Quércia fez menos de 2%) e 2018 (Meirelles fez menos de 2%). Nas eleições presidenciais de 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014 não teve candidato.
4. O maior número de prefeitos e vereadores que o PT elegeu foi no pleito de 2012 (636 e 5.173). Número inferior ao do MDB (1.022 e 7.954) e ao do PSDB (697 e 5.240). O resultado inferior nas eleições municipais não impediu que o PT ganhasse as eleições presidenciais de 2014 e nem que elegesse 5 governadores.
5. Depois disso, veio a Operação Lava Jato. Prefeitos e vereadores eleitos pelo PT em 2016 despencaram (261 e 2.795). Mas isso não impediu que o candidato petista, Fernando Haddad, fosse para o segundo turno nas eleições presidenciais de 2018.
6. O PSDB é o segundo partido em número de prefeitos e vereadores desde as eleições de 2004. Mas isso não impediu que seus candidatos José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves perdessem os pleitos presidenciais.
7. Os principais analistas políticos preveem uma pulverização nas eleições municipais. Seria o caso de perguntarmos se, apesar disso, o Centrão (PSD, PP, PR, PROS, SOLIDARIEDADE) ou o Bloco do PSDB (MDB, DEM, PTB, CIDADANIA) poderiam ser proclamados vencedores, tendo em vista o pleito de 2022.
8. Mesmo que o PDT não cresça ou que seu crescimento seja modesto, alguém poderá concluir que o seu candidato ao Planalto, Ciro Gomes, está fora do jogo. Os integrantes do Centrão e do Bloco do PSDB já estão prevendo que o PT está fora das eleições presidenciais de 2022. Ciro também?
9. O ex-juiz Sérgio Moro elegerá uma bancada de prefeitos? Se não eleger, como é provável, também está fora das eleições presidenciais.
10. Mesmo que os partidos da antipolítica não melhorem seu desempenho, sendo que hoje sua força é insignificante nas prefeituras, isso significa que Bolsonaro saiu enfraquecido do pleito.
11. Como podemos concluir, o resultado das eleições municipais não permite qualquer prognóstico para as eleições presidenciais de 2022. Até mesmo porque, a atual lei eleitoral impede coligações e isto tem multiplicado os candidatos a prefeitos num mesmo município. Como será na eleição presidencial e de governadores em 2022?
12. É claro que sempre há espaço para a propaganda e o exercício da vontade. O fim ou não da polarização ocorrida desde o final da década de 80 somente será verificado nas eleições de 2022.
13. A força de um candidato de Centro vai depender da força de João Doria (e do PSDB de São Paulo) ou de sua exclusão em favor de Luciano Huck. Depende também de Moro ir para o espaço sideral. Sem falar de Ciro, cujos eleitores são formados por uma franja da esquerda moderada e, principalmente, de Centro.
14. Devagar com o andor. O santo é de barro. Desde a redemocratização há um embate da Esquerda contra a Centro, e depois a Direita, nas eleições nacionais.
15. A sorte está lançada.