O Partido Socialista Brasileiro, o PSB, do Rio Grande do Sul prepara-se para abocanhar o governo do Estado. Nesta estratégia, com o fim de puxar votos, a secção gaúcha do partido defende uma candidatura própria a presidente da República no ano que vem para composição de uma chapa completa, inclinando-se para o nome do ex-ministro e ex-deputado e ex-ministro Aldo Rebelo.
O PSB gaúcho está de olho no Palácio Piratini com base na tradição eleitoral do estado de não reeleger seus governadores. Depois de 1945, nenhum candidato do situacionismo venceu no Rio Grande do Sul, considerando-se que mesmo nos tempos das eleições indiretas os nomes defendidos pelos governadores no poder foram superados por dissidentes dentro da própria Arena, então partido oficial dos governos da ditadura militar.
Sem muitas alternativas, os grandes partidos no Rio Grande do Sul podem amargar derrotas para agremiações de médio porte, como foi o caso da ex-governadora Yeda Crusius, do minúsculo PSDB, que venceu os grandes partidos correndo por fora.
Com 11 por cento nas eleições de 2014 dados a seu candidato local a vice-presidente, Beto Albuquerque, na chapa de Marina Silva, o PSB do RGS já arranca com grandes possibilidades de disputar o segundo turno. Entretanto, precisa de um bom nome na cabeça de chapa nacional, como foi o caso de Yeda, que venceu na contramão das cores tradicionais, vencendo Germano Rigotto (PMDB), que tentava a reeleição, e Olívio Dutra (PT–1999\2003), que queria voltar. Os gaúchos mantiveram a tradição e negaram o poder aos dois repetentes, elegendo a novata Yeda.
Nesse quadro, o nome de Rebelo já tem uma virtual unanimidade entre os socialistas no Rio Grande do Sul. Uma boa pista é a forma como pensa o futuro presidente regional do partido, deputado federal José Luis Stédile: “O partido não decidiu, mas posso garantir que o nome de Aldo Rebelo é muito bem aceito pela maioria esmagadora dos socialistas”. Stedile assume a presidência do PSB gaúcho dia 1 de novembro, daí estar cheio de dedos para falar em nome da agremiação enquanto está na cadeira de espera.
Neste sentido, de ser candidato na chapa presidencial, Rebelo mal entrou no PSB e já é apresentado como opção de cabeça ou de composições em diversos cenários, conforme o estado.
Em São Paulo, sua base eleitoral, o PSB oferece seu nome em várias composições. Uma delas, efetivamente, para presidente, pois o vice-governador Marcio França vai assumir o governo do Estado no ano que vem e, com desincompatibilização do governador Geraldo Alckmin, deve se apresentar para reeleição. Neste quadro um nome para a chapa presidencial é, no primeiro turno, fundamental, principalmente porque se entende que o PSDB, partido hegemônico, não pode deixar de ter candidato próprio ao Palácio do Morumbi. Rebelo seria a alternativa para PSB de primeiro turno, podendo compor com Alckmin no segundo turno.
Entretanto, forças da esquerda paulista, principalmente ligadas ao sindicalismo e o próprio PSB paulista, defendem que Rebelo seja o representante da esquerda na chapa do tucano, seu vice-presidente, como garantia de que, eleito Alckmin, haveria no governo um interlocutor das forças populares.
Além dessas formulações, Rebelo é apresentado, no Paraná, como vice-presidente numa chapa encabeçada pelo ex-presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, e, no Nordeste, como vice-presidente do ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, já semi oficializado pelo PDT.
Voltando ao Rio Grande do Sul. Este quadro de uma terceira força competitiva pode se repetir na próxima eleição. As candidaturas postas são do atual governador, Ivo Sartori (PMDB) já indicado para reeleição, e o PT apresentando como opções dois ex-governadores, Tarso Genro e Olívio Dutra (não obstante, há o nome alternativo do senador Paulo Paim).
Se valer a maldição das reeleições, um nome alternativo pode vencer no Rio Grande do Sul. Em 2006 os tucanos concorreram com uma chapa completa, com Geraldo Alckmin para presidente, contra Lula, e venceram nos dois turnos. Yeda surfou esta onda. Agora o PSB acredita que é sua vez. Por isto uma chapa completa seria essencial para o projeto dos socialistas gaúchos de conquistar o Palácio Piratini.