O rapa da Polícia Federal no colchão do Dr. Geddel deixou o PMDB baiano a ver navios. Guardados debaixo da cama, como na historinha do velho tio sovina que não confia em bancos e, de repente, encontram-se pilhas de dinheiro escondido, os policiais deram com um tesouro desleixadamente empilhado num apartamento insuspeito, sem segurança nem disfarces.
Nos bastidores, o comentário é inevitável: O PMDB ficou “pelado” ao ver seu caixa secreto levantar voo como se fosse um bando de papagaios, maritacas e caturritas: De uma hora para outra, pelegas (notas de 100), oncinhas (cédulas de R$ 50) e verdinhas (dólares norte-americanos) deixaram de existir.
Numa hora destas nada poderia ser pior. Partidos e candidatos não conseguem saber como levar suas campanhas.
O financiamento público, outrora reclamo da moralidade, virou bode expiatório. Doações são inalcançáveis, pois as legítimas, oferecidas por pessoas físicas, não passam de ficção; o dinheiro de empresas, mesmo que sejam por baixo do pano, muito perigoso para os dois lados. Ninguém quer: empresas têm medo de a serem denunciadas; candidatos temem que algum recurso mal explicado produza uma impugnação.
Nos bastidores, observadores dizem que sacos e sacos de dinheiro vivo sob a guarda de um acusado preso e indiciado, é de não acreditar que se cometesse tamanha bobagem. Mas aconteceu.
Não há como desculpar: Se o dinheiro estivesse sob a guarda de um cidadão limpo, sempre poderia argumentar que ganhou no jogo, pois não é crime ter dinheiro vivo em casa. Por mais inverossímil, daria para argumentar e ganhar tempo. Mas na casa de um criminoso qualificado, que deveria estar com a tornozeleira, não fosse a penúria da polícia baiana, é demais da conta, como dizem os mineiros.
Há muita gente arrancando cabelos. Concretamente é impossível reaver o dinheiro a tempo de irrigar a campanha eleitoral.
Acrescenta-se um quadro tragicômico no drama político brasileiro.