O carnaval de cada um

Bruna Pannunzio*

Até que enfim é Carnaval! E quem não gosta do Carnaval? Não preciso necessariamente ir pra rua, passar os dias e as noites na folia dos blocos, nas festas. Mas esse período oferece muitas alternativas para a gente mudar a maratona de ficar no sofá zapeando a tevê e vendo no que rola no Netflix.

Eu ia abrir esse texto com a marchinha “Alalaô ôôôô, mas que calooor…”, pois a semana inteira foi muito quente, sol queimando, mesmo à sombra. Me sentia como na marchinha “no deserto do Saara”. Mas nesse fim de semana o tempo mudou em São Paulo. Aquele tempo quente, ensolarado, e céu azul, deu lugar a uma boa chuva, vento e céu fechado com muitas nuvens.

Engraçado… Todos nós temos um carnaval inesquecível. Eu tenho vários. Já estive na Festa do Rei Momo em diversos lugares. Na montanha, fazenda, sítio, Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, Buenos Aires. Todos me trazem boas lembranças. Mas o primeiro, como se diz, a gente nunca esquece. Nem último.

Nos anos 90, quando eu era ainda uma criança, fui pela primeira vez a um bailinho do Clube de Montanha, em Atibaia. Era meu primeiro Carnaval e senti poderosa, cheia de liberdade. Porém, o outro Carnaval que também marcou minha vida foi o do ano passado, bem longe do Brasil, longe da euforia que toma conta das pessoas aqui.

Agora, adulta, e já mãe, morava na França. Eu Bruna e o padrasto da Manu, o meu querido companheiro Bruno. Fui acompanha-lo na Europa durante o curso de MBA. Quando chegou o Carnaval, resolvemos sair de Paris e viajamos para os lados da Suíça, já que a filhota tinha feriado na escola. Botamos o pé na estrada rumo a Rhône-Alpes. Confiamos na precisão do GPS do automóvel. Só não nos lembramos de que, assim como nós, todo mundo estava trocando o que seria o tempo de carnaval pela temporada de esqui. Só após sete horas de autoestrada é que chegamos.

Evidentemente, como nos outros carnavais no Brasil, dessa vez não tive serpentina, confete, calor, bailinho, fantasia. Não vi escola-de-samba nem as marchinhas tão populares cantadas alegremente nos blocos, nas ruas e nas rádios. Em compensação, pude proporcionar à Manu sua primeira experiência com neve e com direito a escorregar de luge, ver de perto os bonecos gelados, e fazer guerra de bola de neve. Realmente, clima bem diferente em tudo.

Pegamos uma tremenda nevasca. Quase congelamos, mas valeu a pena. Imagina, ao invés de chope, caipirinha ou churrasquinho, chocolate quente, vinho tinto e crepe de Nutella. Ainda assim, foi uma verdadeira festa. Acho que, na verdade, Carnaval é bom em qualquer lugar. Seja nos Alpes ou nos trópicos. Como estamos no Brasil agora, vamos ver os desfiles no Sambódromo de São Paulo, das escolas-de-samba do Rio pela tevê e seguir em todos blocos de rua que passarem.

 

Brunna Pannunzio, filha de jornalistas, é formada em Comunicação, mora em São Paulo e escreve sobre cenas do cotidiano. O texto acima é uma colaboração para Os Divergentes.

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