Números da economia indicam que recuperação chega a bens de capital

A olho nu não dá para dizer que o governo tem um comando. A economia sim mostra um rumo. O nome do timoneiro é claro para todos que estão a bordo desta nau dos insensatos: Henrique Meirelles. Até aí morreu Neves. E o restante do ministério? Tem um rumo ou o país avança no piloto automático? Esta é a questão.

Temer comanda o executivo? Se for isto mesmo, não dá para ver claramente. Está encoberto pela grossa neblina da crise política. Aí o presidente aparece como um cowboy de Barretos cavalgando um touro bravo.

Como um boneco de molas, tal qual o peão no lombo da fera, Temer resiste a cada um dos corcoveio e não vai ao chão, enquanto o relógio da arena corre em direção à meta. Não é a imagem de um chefe administrativo.

Se chegar montado a 31 de dezembro do ano que vem, ele pode afrouxar as pernas e deixar-se cair, vitorioso. Depois, porém, terá de fugir dos chifres do bicho, pois já se sabe que findo o mandato as flechas do Janot recomeçam a sangrar outra vez.

Um dos sinais de que a neblina estaria se dissipando seriam os números do crescimento industrial divulgados na noite de quarta-feira, indicando um pequeno crescimento positivo, mas sobre uma base negativa, e, mais animador ainda, da retomada da indústria automobilística.

O automóvel, como se sabe desde Henry Ford, é o motor da economia industrial (sem trocadilho). Sua cadeia irriga a todos os demais segmentos e alimenta o setor de serviços pela criação efetiva de renda. Disto sabiam Lula e José Alencar, ambos vindos da indústria.

A coisa deu errada no governo Dilma Rousseff, economista formada, que  tinha como mentor um economista formado na mesma faculdade que ela, o ex-diretor do Tesouro Arno Agustín. Isto, porém, não vem ao caso. Esta digressão foi só par reforçar a importância da indústria na economia.

A indústria automobilística cresce 24 por cento. Não é pouco, mesmo que os críticos digam que grande parte do aumento veio de produtos destinados à exportação, tanto de carros completos como de partes e autopeças.

Significativo foi o que anunciou, ontem, o vice-líder do PMDB, deputado Mauro Pereira, de que o governo informou ontem ao presidente da entidade que congrega os fabricantes de ônibus, a Gabus, o vice-presidente da Marcopolo, José Antônio Fernandes Martins, que o governo vai abrir uma concorrência para comprar 3.000 ônibus destinados aos municípios (certamente a maior parte para transporte escolar).

O ônibus, como se sabe, é um indicador poderoso do desempenho da indústria automobilística. Por isto essa informação tem muita consistência. Sendo um bem construído praticamente à mão, quase que artesanalmente, a indústria de carrocerias é relativamente a maior empregadora de mão-de-obra do setor automobilístico.

Do ponto-de-vista econômico, e, além disso, por sua destinação, como os caminhões, os ônibus transitam entre produto industrial e bem de capital, ou seja, não é consumo, mas investimento. Com essa configuração, a reativação do setor de carrocerias mexe profundamente na economia. Por isto sua importância para a avaliação do momento industrial do País.

Como o segmento de bens de capital é o último a se mexer para cima ( e também o primeiro a cair nas recessões) , este indicador alimenta a pergunta: quem comanda o governo? Aparentemente, cada ministro toca seu pedaço, como nos governos parlamentaristas. Ainda não dá para saber, com tantos capitães, qual o rumo da nau.

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