Assim como Moro tinha um compromisso com Bolsonaro de barrar a candidatura de Lula à Presidência, sabe-se agora, pelo capitão, que este tinha um compromisso com Moro de levá-lo ao cargo de ministro do Supremo. Foi o que ele disse ao novo contratado do governo, o radialista Milton Neves, na manhã desse domingo: “Tenho um compromisso com ele (Moro). A primeira vaga que vier é dele. Vou honrar o compromisso com ele”.
O carrasco de Curitiba já havia dito, em Lisboa, no mês passado, que ir para o Supremo seria “ganhar na loteria”. E ele estava coberto de razão. A próxima vaga no Supremo surgirá somente em novembro do próximo ano, quando o ministro Celso de Melo completar 75 anos. Ou seja: faltam ainda 18 meses.
Moro é hoje o ministro mais popular do país. Disso ninguém duvida.
Mas, desde que entrou no governo, ele tem sofrido um enorme desgaste, desde o desaparecimento do miliciano Queiroz, o laranja da famiglia Bolsonaro.
Na semana passada, Moro ficou coberto de lama na assinatura do ato que permitiu o porte de arma a uma infinidade de profissionais. Todos os jornais estamparam a foto do Presidente cercado de políticos fazendo arminha com os dedos, e no fundo Moro aplaudindo. Nos próximos dias, seu ministério perderá o Coaf, que ele tanto deseja.
E ganhará a questão indígena, que ele tanto odeia.
Mais um tempo, ele perderá a Segurança Publica, e seu projeto anti-crime será derrotado no Congresso. Será difícil ele chegar a novembro de 2020.
Mas, mesmo fora do governo, o capitão pode querer pagar sua dívida com o caipira curitibano e indicá-lo para o Supremo. Sua chance de ganhar a cadeira é próximo de zero.
Para conquista-la, o juiz – que pouco conhece a gramática de seu país – terá de passar por uma sabatina no Senado e, depois, ser aprovado, em voto secreto, pelo plenário da Casa – missão praticamente impossível, tratando-se de quem se trata.
Moro – é sabido – tem ódio aos políticos.
Mas dependerá deles para ter sua cadeira no Supremo. Pode-se argumentar que a renovação do Senado foi imensa. Mas todos conhecem esse seu ódio, e quem não foi alcançado pelas garras do justiceiro, tem amigos que foram, ou que estarão na mira dele.
Assim, Moro – apesar do empenho descarado do Presidente da República em pagar sua dívida – não conquistará a cadeira. Moro acha que entrar no Supremo é ganhar na Mega Sena. Hoje, ele não faria os seis pontos. Mais seis meses, não ganharia na quina. Com o tempo, cairá para uma quadra, uma trinca, até chegar chegar a zero.
O melhor será ir para os Estados Unidos aprender inglês e se aperfeiçoar mais no Twitter, já que não poderá exercer nem mesmo a profissão de advogado.
Ele não está inscrito na OAB.