Candidato ou inelegível, preso ou fora das grades, as eleições presidenciais de 2018 serão um grande desafio para o ex-presidente Lula. Em qualquer das circunstâncias, sua liderança política será comprovada, ou não, saindo vencedor ou derrotado das eleições de outubro.
A mais recente pesquisa Datafolha revela que o petista é competitivo mesmo não sendo candidato. Os eleitores estariam dispostos a votar em Lula, mesmo que ele esteja representado por outra pessoa. Foi assim duas vezes com a ex-presidente Dilma, em 2010 e 2014, porque não seria com outro em 2018?
Pelo Datafolha, publicado neste dezembro, 29% dos entrevistados disseram que votariam no candidato de Lula. Outros 21% disseram que talvez votassem. Ou seja, cerca de 50% dos pesquisados teriam disposição de votar no representante do petista. Isso indica que talvez não resolva, para seus adversários, excluir o petista da cédula eleitoral.
Há exemplo na América Latina que pode ilustrar esta possibilidade. Ele revela que mesmo quando um líder político não é candidato, pode fazer seu sucessor e, em seguida, pode até assumir o poder. Isso aconteceu na Argentina com seu grande líder político Juan Domingo Perón, na década de 70.
Proibido de disputar as eleições presidenciais pelos militares, no pleito após o fim da ditadura, Perón elegeu o seu candidato, Héctor Cámpora. O peronista recebeu 49,5% dos votos. Este tomou posse no dia 25 de maio de 1973 e renunciou ao mandato menos de dois meses depois, em 13 de julho.
No cargo, Cámpora libertou os presos políticos e aprovou lei que proibiu que os argentinos fossem processados por suas posições políticas. Perón voltou à Argentina em 20 de junho. Por fim, em 13 de julho, o presidente peronista renunciou ao mandato e convocou nova eleição, da qual Perón saiu-se vencedor com 62% dos votos.
Essa história revela que podem estar enganados aqueles que acreditam que a prisão de Lula encerra sua carreira. Ou que sua exclusão coloca representa um ponto final na crise política aberta com o impeachment da ex-presidente Dilma. Pode ser que Lula fora da eleição não resulte no PT fora da presidência da República. A radicalização, acentuada pela Lava Jato, pode adquirir contornos ainda mais agudos.
Lula poderia eleger um herdeiro. Um petista eleito por Lula poderia convocar novo pleito, no qual o principal líder petista poderia ser candidato. Fica a pergunta: Mas como? Um presidente ungido pelo líder petista poderia lhe reabrir as portas. Poderia conceder uma anistia ou um indulto para o ex-presidente. Imaginem? A prisão de Lula pode não ser o fim da história. Pode ser o começo de outra história. Serão muitas emoções!