A lei é para todos… E para o Lula

Luiz Inácio Lula Da Silva.

Os defensores de Lula, que será julgado por corrupção no próximo dia 24, baseiam-se em duas frentes para defender seu guia: falta de provas e injustiça. As duas premissas são falsas.

A Lava-Jato, como nunca antes na história deste País, levou pra cadeia gente muito graúda que no passado sempre escapava das grades. Procuradores e delegados juntaram um caminhão de provas, de confissões e de perícias incontestáveis.

Mais do que isto. A Lava-Jato obteve a confissão de diversos corruptores.

Mais ainda. Esta turba de milionários (alguns até bilionários) já começou a devolver dinheiro roubado aos cofres públicos. Ninguém devolve dinheiro que é seu, obtido de maneira honesta.

Alguém, por mais Velhinha de Taubaté que seja, acredita que faltam provas para condenar e encarcerar esses ladrões? Claro que não.

A quantidade maciça de provas provoca, porém, um fenômeno. A militância cega, e que não quer admitir que foi enganada por larápios travestidos de políticos, prefere colocar a culpa nos outros.

O culpado é sempre o adversário político. Já os correligionários são sempre inocentes. Justificativa cínica.

E, claro, não existem corruptores sem corruptos. Se alguém pagou, alguém recebeu. Neste caso, quem recebeu foram, na grande maioria, agentes públicos – como os muitos parlamentares denunciados.

Garanhuns é passado

E quanto à injustiça? Lula hoje não é nem sombra do retirante que chegou à São Paulo vindo de Garanhuns.

Hoje ele é milionário, tem bens valiosos em seu nome e no dos filhos, viaja de jato particular, tem motoristas e seguranças à sua disposição, convive com gente endinheira como os empreiteiros. Faz parte, assim, da elite brasileira.

Sua condição faz com ele tenha acesso aos melhores e mais caros advogados do País. Apenas este privilégio garante a ele o direito que a maioria dos brasileiros não dispõe.

Basta ver que ele já foi condenado, mas está solto. E, caso seja condenado novamente pelo TRF-4, de Porto Alegre, permanecerá livre.

É injusto isto? Que tal perguntar aos 34% de presos provisórios no Brasil. São mais de 221 mil encarcerados sem julgamento, de acordo com o CNJ. Isto, sim, é injustiça.

Injustiça é não ter direito à escola e à creche de qualidade. Injustiça é esperar meses para ser atendido num hospital ou num posto de saúde.

Injustiça é estar desempregado, como os 13 milhões de trabalhadores jogados na desesperança por conta das aventuras econômicas do governo do PT. Lula não é injustiçado.

Com o julgamento do dia 24 de janeiro, seu caso já terá sido analisado por três juízes. Como haverá recursos, seu processo ainda passará por muitos magistrados antes da decisão final. Privilégio que só gente da elite, como Lula, tem acesso.

Vale lembrar, ainda, que Lula não foi denunciado por tucanos invejosos. Foram seus amigos íntimos que o acusaram de ladroagem.

No fundo, aquele vídeo de artistas engajados está certo. A lei é para todos. E para o Lula.


* Mateus Bandeira foi CEO da Falconi, presidente do Banrisul e secretário de Planejamento do RS

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